O Sebrae/PR encerrou sua participação no Festival Iguassu Inova, realizado na semana passada no Itaipu Parquetec, em Foz do Iguaçu, com um balanço positivo de debates e troca de experiências. O evento reuniu lideranças do ecossistema de inovação do Paraná e de outras regiões, abordando temas estratégicos para o futuro do empreendedorismo e do desenvolvimento regional.
Entre os destaques do último dia de programação, na sexta-feira (29/11), esteve o painel “Priorizando setores estratégicos para promover competitividade territorial”, moderado por Alan Debus, coordenador estadual de inovação do Sebrae/PR. O debate contou com a participação de Marcus Von Borstel, coordenador de relações institucionais da Secretaria de Estado de Inovação e embaixador da FIEP/SENAI; Welinton Perdomo, gerente da Unidade de Competitividade Setorial do Sebrae/PR; e Jorge Audy, superintendente de Inovação e Desenvolvimento da PUCRS e membro do Comitê Estratégico do Pacto Alegre.
Os especialistas discutiram como suas experiências podem contribuir para promover a competitividade nos territórios. Para Welinton Perdomo, a integração entre potencial, vocação e planejamento é fundamental.”Nós, do Paraná, entendemos já há algum tempo que uma das formas de se gerar riqueza é a partir da inovação. Por isso, promovemos e fizemos vários estudos que levam em consideração o que já temos instalado para compreender o que pode ser associado para o que o município ou a região pretendem alcançar. A partir do momento em que unimos potencial, vocação e desejo, conseguimos colocar os setores prioritários para aquilo que a cidade quer desenvolver”, comenta.
Jorge Audy destacou a importância de pensar além das vocações tradicionais.
“No Rio Grande do Sul, uma abordagem que deu muito certo foi a do Inova RS, com o que chamamos de smart specialization. Basicamente, nós aproveitamos, sim, as vocações, mas sempre sob uma lógica do que enxergamos para o futuro. Se olharmos apenas para o que já dá certo, não iremos inovar. Por isso, pensamos em tecnologias prioritárias que se refletem nas vocações, mas também no que podemos fazer além disso”, explica.
Já Marcus Von Borstel pontuou a necessidade de diálogo constante.”Nós já sabemos o que temos de potencial no Paraná, mas precisamos ter essa visão que o Jorge trouxe, de olhar além. Para fazer esse trabalho, todos os envolvidos nos ecossistemas precisam dialogar. Muitas vezes, o que nos falta é o conhecimento sobre o que está sendo feito e o que tem disponível no mercado. Um exemplo são os editais de fomento. Nosso desafio é abrir canais de diálogo e tornar mais frequentes ocasiões como essa de hoje, em que sentamos com calma para conversar”, provocou.
Territórios Inovadores como estratégia de desenvolvimento
Dando sequência à programação, Jorge Audy apresentou a palestra “Territórios Inovadores como estratégia de desenvolvimento”. Ele compartilhou as experiências com os projetos Pacto Alegre e Inova RS, destacando a importância de um planejamento coletivo para transformar regiões em ecossistemas de classe mundial.
“Criamos uma forma de pensar e fazer a transformação da cidade, em conjunto. Para nós, era uma nova forma de pensar e fazer o território. Hoje, já temos spin-offs como o South Summit Brazil e o Inova RS, que é como se fosse o Pacto Alegre, mas pensado a nível estadual”, enumera.
Audy explicou que o Pacto Alegre, criado em 2018, é uma aliança liderada por instituições de ensino e empresários de Porto Alegre, com metodologias claras para garantir o avanço dos projetos. Já o Inova RS expandiu essa lógica para o nível estadual, com mapeamento e planejamento baseados nos ecossistemas locais, otimizando o trabalho em cada região do Rio Grande do Sul.
Alan Debus, ao final do evento, reforçou a importância de encontros como o Festival Iguassu Inova.
“É extremamente relevante termos oportunidades como essa de aprender, dialogar e expor as nossas experiências. No Paraná, estamos com um trabalho que se consolida dia após dia e podemos utilizar as iniciativas do Rio Grande do Sul como base. Um dos maiores aprendizados é essa percepção que eles tiveram lá: de que era preciso se unir para fazer dar certo”, finalizou.
Interação e experiência
Outro momento de destaque no último dia do Festival Iguassu Inova foi o painel sobre o impacto dos sistemas regionais de inovação na economia regional. O debate contou com a participação de Alessandro de Moraes, representante do SRI Sudoeste; Jadson Siqueira, do Iguassu Valley; e Paulo Rogério Alves Brener, do SRI Norte Pioneiro.
Jadson Siqueira destacou a relevância das discussões e da troca de experiências com outros ecossistemas. Segundo ele, essa interação é fundamental para identificar oportunidades de crescimento e evitar possíveis erros.
“Uma das iniciativas que percebemos que precisamos melhorar no Iguassu Valley é a conexão com outros ecossistemas. Temos analisado o nosso desenvolvimento, a nossa história e, depois de uma premiação de melhor ecossistema do Brasil, nos perguntamos o que podemos melhorar. A partir do momento em que conseguimos olhar para outros ecossistemas, independente dos estágios que eles estejam, pegamos as lições de cada um deles, com suas particularidades, e compreendemos padrões que se repetem e como podemos aprender com eles para evitar erros e impulsionar os acertos”, revelou.
Paulo Rogério Alves Brener, professor associado da Universidade Estadual do Paraná (Unespar), apresentou os resultados de uma pesquisa sobre o impacto do Sistema Regional Norte Pioneiro no desenvolvimento econômico dos municípios participantes. Ele evidenciou o crescimento concreto promovido pelo sistema.
“A partir da pesquisa foi possível mensurar esse impacto, e os resultados demonstraram que, houve crescimento do do PIB per capita dos municípios que aderiram ao SRI-Norte Pioneiro, em cerca 23%. E, no geral, o maior impacto está relacionado à mudança de percepção das pessoas que, de forma direta ou indireta, participaram do SRI. Basicamente, elas internalizaram uma ideia de desenvolvimento, inovação e evolução e, com isso, promoveram uma série de ações que contribuíram com o próprio desenvolvimento e amadurecimento desses municípios. É uma lição valiosa a ser compartilhada, principalmente porque agora sai do âmbito empírico e passa a ser comprovado matematicamente”, explicou.
Desdobramentos do evento
Durante toda a programação do Festival, o Sebrae/PR promoveu oficinas temáticas sobre tópicos como ambientes de inovação; governança; captação de recursos e investimentos; internacionalização; comunicação eficaz em rede; vocações setoriais; interação entre sistemas regionais de inovação e ecossistemas locais de inovação, dentre outros.
Ao final, foram desenvolvidos quatro guias, disponibilizados a todos os participantes, cujos temas são: como ampliar o grau de maturidade dos ecossistemas e sistemas; como potencializar os setores estratégicos; como aprimorar os modelos dos sistemas regionais de inovação e priorização, desenvolvimento de planos de ação e monitoramento.
O objetivo, segundo o coordenador de inovação do Sebrae/PR, foi criar um material, com base nos desafios e nas experiências compartilhadas entre os participantes nas oficinas, que trouxesse ações práticas que pudessem ser levadas para cada região.
Celso de Oliveira, empresário de Telêmaco Borba e presidente do Polo Digital Gralha Azul, aprovou o modelo do evento e, segundo ele, foi possível retornar para cada com um verdadeiro “manual de instruções”.”O evento como um todo é muito rico. Para chegar até aqui, foram mais de 14 horas de viagem e não dá para dizer que não valeu a pena. Principalmente falando do Polo Digital, porque nós temos esse desafio de alinhar e organizar ações, e aqui tivemos mais clareza sobre o que podemos fazer. Praticamente, voltamos para casa com um desenho e um passo a passo para 2025, com base na experiência de gente que está há anos fazendo dar certo”, finalizou.
Sobre o Iguassu Inova
O Festival Iguassu Inova 2024 foi promovido pelo Itaipu Parquetec em parceria com a Itaipu Binacioal e o Governo Federal. O evento foi realizado com o objetivo de consolidar Foz do Iguaçu como um polo de tecnologia, empreendedorismo e sustentabilidade.
Durante a programação, o festival reuniu atividades como palestras, workshops, competições e experiências culturais. Entre os destaques, estavam o Latinoware, em sua 21ª edição; a Ficiencias, voltada para projetos científicos de jovens do Brasil, Paraguai e Argentina; e iniciativas como o Circuito Gastronômico das Cataratas e o Festival Papo Reto.