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Café de Mandaguari é a 20ª Indicação Geográfica do Paraná

Reconhecimento na modalidade Denominação de Origem envolve seis municípios do Noroeste; está é a sexta IG concedida ao Paraná em 2025
Por ASN Paraná
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Produtores do café de Mandaguari, que cultivam o grão no noroeste do Paraná, comemoram uma conquista que eleva o patamar do produto e o torna mais competitivo. Nesta terça-feira (1°), o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) concedeu ao café da localidade o registro de Indicação Geográfica (IG), na modalidade Denominação de Origem (DO).

A IG é conferida a produtos característicos do seu local de origem, o que lhes atribui reputação, valor intrínseco e identidade própria, além de os distinguir em relação a outros. Segundo o INPI, foi concedida porque a região reúne fatores naturais — relevo, altitude, clima e solo fértil e fatores humanos — tradição, sucessão familiar, técnicas de cultivo específicas, colheita seletiva e processamento cuidadoso que, juntos, criam um produto com identidade única.

O conjunto dessas condições sociais, culturais, históricas, institucionais e ambientais resulta em um café com qualidades sensoriais especiais, diretamente ligadas ao local de origem, o que garante o reconhecimento e a proteção da DO. Entre as 20 IGs do Paraná, o café de Mandaguari é a segunda na modalidade de Denominação de Origem. A primeira foi o mel de Ortigueira.

Cafeicultores da associação já podem usar o selo de Indicação Geográfica, representando cerca de 200 propriedades. Foto: Divulgação Cafeman.

Cafeicultores de seis municípios da região noroeste do Paraná, que representam cerca de 200 propriedades, poderão usufruir do signo distintivo à medida que adotarem as práticas do Caderno de Especificações Técnicas. São agricultores de Mandaguari, Marialva, Jandaia do Sul, Apucarana, Cambira e Arapongas.

Com a IG, os produtores que compõem a Associação dos Produtores de Café de Mandaguari (Cafeman) esperam negociar as sacas de café por valores mais elevados e abrir possibilidades de exportação. Nos seis municípios da região de Mandaguari, são cerca de 3.100 hectares de área plantada, sendo que a produção anual média gira em torno de 5.400 toneladas e movimenta R$ 99,75 milhões – entre as principais variedades estão a Icatu Vermelho, Catuaí Vermelho, Mundo Novo, IPR 106 e IPR 107.

O presidente da Cafeman, Fernando Rosseto, celebra a valorização do trabalho de gerações e o início de uma nova etapa para os produtores locais. Foto: Arquivo Pessoal.

Há 71 anos produzindo café em Mandaguari, a família Rosseto celebra com alegria a conquista da certificação de Indicação Geográfica para os cafés da região. Atualmente, 30% dos 12 hectares cultivados são dedicados a essa produção diferenciada, que atende aos rigorosos critérios exigidos pela IG.

“Estamos muito felizes com essa conquista, que marca o início de um novo tempo para todos os produtores da região. Nosso objetivo sempre foi valorizar o café que produzimos, e agora queremos incentivar outros agricultores familiares a aperfeiçoarem suas técnicas para também se enquadrarem nas exigências da IG. Com isso, será possível alcançar uma rentabilidade muito maior – a saca pode valer quase o dobro do preço atual”, destaca o produtor rural Fernando Rosseto, presidente da Cafeman.

O trabalho para a busca da IG começou em fevereiro de 2022, quando o Sebrae/PR deu início à sensibilização de agentes locais e de produtores para a formação de uma nova associação para a classe. Ao longo de 2022 e 2023, foram realizados diversos eventos, reuniões, encontros, tanto para a organização dos produtores rumo à busca pela IG quanto para a capacitação do grupo, a fim de manterem ou elevarem a qualidade de suas produções.

“Essa é uma grande conquista, fruto de um esforço coletivo. A partir de agora, iniciamos uma nova fase, com mais visibilidade, notoriedade e valor agregado. O reconhecimento fortalece especialmente os pequenos negócios no campo, gerando oportunidades e impulsionando o desenvolvimento econômico da região”, destaca Luiz Carlos da Silva, consultor do Sebrae/PR.

Ele também ressalta a importância dos parceiros do Sebrae/PR envolvidos no processo: Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná/Iapar/Emater), Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Paraná (Seab), Cafeman, Prefeitura de Mandaguari – por meio da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Meio Ambiente e Turismo –, Cooperativa Agropecuária e Industrial Cocari, Sistema Faep (Federação da Agricultura do Paraná) e Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural).

Para o técnico do IDR-Paraná, Walter Feichtinger, a certificação representa muito mais do que um selo de qualidade.

“É um instrumento importante para valorizar produtos e serviços vinculados a uma região específica, promovendo o desenvolvimento econômico e social, protegendo a tradição e a reputação local, e atraindo consumidores que buscam autenticidade e qualidade”, diz Feichtinger.

A prefeita de Mandaguari, Ivonéia Furtado, destaca que a IG na modalidade DO é motivo de orgulho para o município.

“Temos orgulho de ter em nossa cidade e região o primeiro pedido de Denominação de Origem para cafés especiais no nosso Estado. Isto demonstra a grandeza da nossa cidade e dos nossos agricultores e cidadãos”, comenta a prefeita.

Cafeicultores de seis municípios do Noroeste do Paraná celebram a conquista da Indicação Geográfica para os cafés da região. Foto: Divulgação Cafeman

Diferenciais da região
Em Mandaguari, o café faz parte da história, sendo que, mesmo após a geada de 1975, que devastou lavouras paranaenses, continuou a ser cultivado e tornou o município referência na produção de café de qualidade no Estado. Na região, a qualidade dos grãos se destaca pela consistência densa e sabor frutado, com notas de chocolate e caramelo, além de uma acidez típica equilibrada.

A região possui terra roxa, resultado da decomposição de rochas basálticas, ricas em nutrientes, como o ferro. É atravessada pelo Trópico de Capricórnio, que proporciona equilíbrio térmico, com noites frias e dias quentes e tem, em sua maioria, produções familiares.

Em Mandaguari, o café é tradição e resistência.

Bactérias encontradas nas lavouras locais não consomem o açúcar dos grãos, mantendo o dulçor da bebida, o que é um diferencial em relação a cafés de outras regiões do Brasil. Além disso, as bactérias não alteram outras características sensoriais, mantendo a especificidade de cada variedade.

Paraná atinge 20 IGs
Com a conquista do café de Mandaguari, o Paraná alcançou 20 Indicações Geográficas. As demais são: carne de onça de Curitiba; urucum de Paranacity, cracóvia de Prudentópolis; mel de Ortigueira; queijos coloniais de Witmarsum; cachaça e aguardente de Morretes; melado de Capanema; cafés especiais do Norte Pioneiro; morango do Norte Pioneiro; vinhos de Bituruna; goiaba de Carlópolis; mel do Oeste do Paraná; barreado do Litoral do Paraná; bala de banana de Antonina; erva-mate São Matheus; camomila de Mandirituba; uvas finas de Marialva; broas de centeio de Curitiba e queijo colonial do Sudoeste do Paraná.

Além desses reconhecidos, há ainda uma Indicação Geográfica concedida a Santa Catarina, que envolve também municípios do Paraná e do Rio Grande do Sul: o mel de melato da bracatinga do Planalto Sul do Brasil.

Com o café de Mandaguari, o Paraná conquistou a sexta IG em 2025. Também receberam o selo as broas de centeio de Curitiba, a cracóvia de Prudentópolis, a carne de onça de Curitiba, o urucum de Paranacity e queijo colonial do Sudoeste do Paraná.

O Estado ainda possui 10 produtos com a IG depositada, ainda em processo de análise no INPI: cervejas artesanais de Guarapuava; mel de Capanema; pão no bafo de Palmeira; tortas de Carambeí; mel de Prudentópolis; ponkan de Cerro Azul; ovinos e caprinos da Cantuquiriguaçu; ginseng de Querência do Norte; café da serra de Apucarana e ostras do Cabaraquara.