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Cerca de 13% de quem empreende no Paraná tem mais de 60 anos

Ao todo, somam 213 mil negócios no Estado, sendo que cerca de 83% são micro e pequenos negócios
Por ASN Paraná
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A expectativa de vida da população vem crescendo ao longo dos anos e alcançou, em 2023, a estimativa de 85 anos, segundo o IBGE. No cenário do empreendedorismo paranaense, o público sênior (com mais de 60 anos) está à frente de 213 mil negócios, número que representa um crescimento de 9,2% em relação ao ano de 2016, quando eram cerca de 195 mil. Entre os principais setores, estão o de Serviços (30%), Comércio (24%) e Agronegócio (23%).

Os dados estão presentes em levantamento do Sebrae/PR, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) – Terceiro Trimestre de 2024, do IBGE, e mostra que 72% desses negócios são liderados por homens e 28% por mulheres, com rendimento médio mensal de R$ 4.076.

Crédito: divulgação.

Aos 64 anos, Juice Macedo, de Guarapuava, na região Centro do Estado, é um exemplo de que empreender não tem idade. Ex-professora do departamento de Enfermagem de um centro universitário, ela decidiu transformar sua paixão pelo artesanato em um novo caminho profissional após a aposentadoria. Foi nesse momento que encontrou no Sebrae/PR um grande aliado para sua jornada.

Após anos dedicados à educação, Juice buscou novos aprendizados e se especializou em aromaterapia e saboaria artesanal. O gosto pelo que fazia a levou a empreender, inicialmente com uma loja física e, posteriormente, participando de feiras na cidade. O apoio do Sebrae/PR e da Secretaria Municipal da Mulher de Guarapuava foi fundamental para que pudesse expor seus produtos e ganhar visibilidade no mercado.

Como microempreendedora individual (MEI), precisou lidar com a rotatividade do capital e a sazonalidade do comércio. Mais do que vender produtos artesanais, Juice encontrou no empreendedorismo uma forma de manter-se ativa e motivada. O contato com os clientes, a fidelização e as trocas de experiências, segundo ela, são aspectos que a movem diariamente e que a motiva a inspirar outras pessoas a trilharem o caminho do empreendedorismo com segurança e planejamento.

“O Sebrae abriu meus olhos para a importância de fazer planilhas, calcular custos e entender a realidade do comércio. O conhecimento adquirido possibilitou que eu tomasse decisões mais assertivas e estruturasse melhor meu negócio”, pontua.

Juice Macedo, empreendedora de Guarapuava, transformou a paixão pelo artesanato em negócio. Fotos: Divulgação.
Orientação

A coordenadora de Relacionamento com Clientes do Sebrae/PR, Letícia Monteiro Pimentel, afirma que o empreendedorismo é uma ferramenta estratégica para apoiar a promoção do desenvolvimento econômico e social, com grande participação do público sênior no processo.

“Eles demonstram que o envelhecimento da população não representa inatividade, significa que é sim uma fase produtiva e inovadora, quando o trabalho e o propósito caminham juntos, com experiência, resiliência e uma gestão estruturada. Temos o compromisso de fortalecer esse ecossistema por meio de capacitação, atendimento, suporte e soluções que garantam um ambiente propício para inovar, gerar empregos e impactar positivamente a sociedade”, aponta Letícia.

O material mostra ainda que 33,8% deles estão formalizados e outros 66,2% estão na informalidade. Estar legalizado, além de trazer benefícios, pode ser um diferencial no sucesso do negócio, já que a pesquisa demonstra que os formalizados alcançam um rendimento médio de R$ 7.655, número 71% maior do que os informais, que contam com média de R$ 2.246.

Além disso, o Sebrae/PR preparou um estudo para aprofundar os conhecimentos dos pequenos negócios formalizados e lançou a pesquisa Empreendedorismo na 3° Idade no Paraná. O material destaca como principal motivação desse público o intuito de aproveitar uma oportunidade de negócio (29%), seguida por necessidade financeira (28%) e desejo de autonomia (25%).

Da universidade para o empreendedorismo

Aos 68 anos, a professora universitária aposentada Aneli Dekker celebra cinco anos como empresária, um caminho que jamais imaginou trilhar. Com uma carreira dedicada ao ensino e à pesquisa na Universidade Estadual de Londrina (UEL), ela decidiu, após a aposentadoria, transformar três décadas de estudos científicos em um negócio inovador. Foi assim que lançou uma linha de cosméticos à base de Beta-Glucana, substância com propriedades rejuvenescedoras e efeito anti-idade, eficaz na redução de rugas, acne, manchas, além de contribuir para a melhora de estrias e celulite.

Fundada em 2020, a startup Beta-Glucan Biotecnologia está instalada no campus da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), em Londrina, e já tem seus produtos disponíveis em farmácias da cidade. O portfólio inclui loções corporais, itens de cuidados faciais e uma água micelar desenvolvida com o apoio do programa ALI, do Sebrae/PR. Apesar de nunca ter se visto no papel de empreendedora, Aneli conta que foi movida pelo desejo de levar os benefícios da Beta-Glucana a um número maior de pessoas.

“É muito distante você ser uma professora pesquisadora e se tornar empresária. Para mim, está sendo um desafio e, gradativamente, estou conseguindo”, revela.

Desde então, ela se tornou uma presença constante no ecossistema de inovação de Londrina, participando de eventos, rodadas de negócios e programas de capacitação para aprender mais sobre empreendedorismo e ampliar sua rede de conexões.

Aneli Dekker, de Londrina, converteu sua experiência na universidade em uma solução inovadora.

Fernanda Robes, consultora do Sebrae/PR, lembra da previsão de que existirão mais idosos do que crianças até 2030, um ponto que reforça a importância desses empresários no mercado de trabalho, seja no empreendedorismo por necessidade ou por oportunidade. O estudo ainda aponta que, entre os formalizados, 94% começaram seus negócios antes de completar 60 anos.

“Com 213 mil e 91,5% dos negócios ativos há mais de dois anos, o empreendedorismo sênior é uma realidade consolidada no Paraná, mas a informalidade segue em alta, com 66%. Isso traz dificuldades na busca pelo crédito, em acesso a novos mercados e a falta de benefícios, como o de auxílio-doença. Com uma conscientização, esse público pode fortalecer ainda mais a economia paranaense”, conclui Fernanda.

Pequenos negócios

Dados da Receita Federal, apontam que no contexto dos empreendedores 60+ no Paraná, cerca de 83% são micro pequenos negócios, sendo 25% microempreendedores individuais, 48% são microempresa e 10% são empresas de pequeno porte.

Para Lori de Paula, empreendedora do ramo de assistência técnica em Curitiba, o principal desafio foi o de entender que, em determinado momento, era necessário um aprimoramento da gestão do seu negócio, para poder superar as dificuldades financeiras e entrar em uma rota de crescimento. Com 67 anos e mais de duas décadas de empresa, Lori começa a obter resultados positivos.

Em Curitiba, Lori de Paula aprimorou a gestão do seu negócio para ampliar o crescimento.

“Após anos de caminhada operando no vermelho, passei a enfrentar alguns desafios na administração do negócio. Tudo o que eu sabia vinha da minha própria vivência durante décadas. Ao procurar o atendimento do Sebrae/PR, entendi como poderia planejar melhor as atividades da empresa e tive um resultado positivo: para 2025, esperamos um crescimento de 20 a 25%”, aponta Lori.

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