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Mel do Oeste com IG impulsiona turismo gastronômico e valoriza agricultura familiar

Entre os preferidos dos chefs está o Mel Jataí, considerado um produto raro
Por Thiago Leandro/ ASN
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Da agricultura familiar direto para os pratos de renomados chefs da rede hoteleira de Foz do Iguaçu. O mel do Oeste do Paraná com IG (Indicação Geográfica) tem conquistado espaços importantes na alta gastronomia de uma das cidades mais relevantes do turismo brasileiro.

Para o presidente da Cooperativa Agrofamiliar Solidária (Coofamel), com sede em Santa Helena, Antônio H. Schneider, o atual cenário de crescimento é reflexo do comprometimento com a qualidade do produto oferecido.

“Percebemos uma mudança de hábito no consumo de mel, o que é fantástico. Até então, o mel era lembrado na entrada do inverno, para gripes e resfriados. Quando chefs de cozinhas renomadas passam a utilizá-lo na gastronomia, isso faz toda a diferença, porque é uma vitrine.”

 O Mel do Oeste do Paraná tem uma história de duas décadas e em julho de 2017 conquistou a IG. Foto: Gilson Abreu/AEN

Entre os preferidos para uso na elaboração de pratos está o Mel Jataí, e o motivo é fácil de entender. Produzido pela abelha Jataí, esse mel é considerado raro, o que exigiu a valorização do produto no mercado.

“A produção desse mel é diferente, não tem muito volume. A média anual de uma colmeia é de 1 kg. Por isso, entendemos que era preciso priorizar a culinária e o consumidor final. Há três anos, mudamos a logo e a identidade visual, migramos para embalagem de vidro, o que aumentou em mais de 100% as vendas”, explica o presidente Antônio.

Luiz Guilherme Cyrino, chef executivo do Hotel das Cataratas, A Belmond Hotel, afirma que a utilização do Mel Jataí do Oeste contribui para o reconhecimento da gastronomia regional e evidencia aos turistas a força dessa produção.

O Mel Jataí está entre um dos preferidos dos chefs na construção dos pratos. Arquivo Coofamel.

“O Mel do Oeste, com sua Indicação Geográfica e produção vinda da agricultura familiar, chegou à nossa cozinha justamente por representar essa conexão com o território. Ele traduz, em sabor e qualidade, os pilares da nossa política de sustentabilidade, promovendo a gastronomia com recursos locais, fortalecendo o habitat com práticas que valorizam a biodiversidade e gerando impacto positivo para as pessoas, ao apoiar produtores responsáveis socioambientalmente”, pondera.

O produto aparece em diversos pratos do menu oferecido pelo hotel.

“Compõe a tábua de charcutaria e a pipoca de queijo coalho, o stick de queijo de cabra, o brioche com fígado de galinha e mel. No café da manhã, oferecemos uma seleção de méis, inclusive o de Jataí, para que nossos hóspedes possam perceber as diferenças entre os sabores”, finaliza o chef Luiz Guilherme.

O Hotel das Cataratas, A Belmond Hotel inseriu o Mel do Oeste do Paraná na construção de pratos que estão no menu servido aos hospedes. Foto: Arquivo.

Duas décadas de crescimento

Para chegar até esse momento, foram necessários 20 anos de trabalho árduo de aproximadamente 130 famílias do Oeste — e parte do Sudoeste — na produção desse mel, que hoje é referência em todo o País, principalmente após a conquista da IG em 2017.

Emerson Durso, consultor do Sebrae/PR, acompanhou grande parte do processo. A parceria teve início em 2007, com foco na melhoria da qualidade, boas práticas de fabricação no campo e no processamento, até culminar na certificação.

“A IG chegou para o mel do Oeste como uma ferramenta para contribuir e elevar o padrão de qualidade do produto. Para obter o selo, o produtor precisa seguir um caderno de especificações que descreve como o mel deve ser produzido”, explica o consultor.

Atualmente, a Coofamel mantém um padrão rigoroso para o mel com IG. Nem todos os produtores têm direito à certificação, é necessário cumprir um checklist, e apenas quem atinge ao menos 80% dos critérios pode utilizar o selo.

IG Mel do Oeste

A Indicação de Procedência do Mel do Oeste do Paraná foi reconhecida em julho de 2017. Ela atesta que o produto da região possui propriedades únicas, encontradas somente nestes cenários, como as floradas e a vegetação utilizadas pelas abelhas. O clima e a localização geográfica também influenciam diretamente no resultado final.

Hoje, o Paraná possui 20 Indicações Geográficas reconhecidas: carne de onça de Curitiba; urucum de Paranacity; cracóvia de Prudentópolis; mel de Ortigueira; queijos coloniais de Witmarsum; cachaça e aguardente de Morretes; melado de Capanema; cafés especiais do Norte Pioneiro; morango do Norte Pioneiro; vinhos de Bituruna; goiaba de Carlópolis; mel do Oeste do Paraná; barreado do Litoral do Paraná; bala de banana de Antonina; erva-mate São Matheus; camomila de Mandirituba; uvas finas de Marialva; broas de centeio de Curitiba; queijo colonial do Sudoeste do Paraná; e o café de Mandaguari.

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