A Vehlor, fundada por Heloize Pismel Bassetti, em apenas três anos de atividade atingiu presença nacional, atuando em 18 estados, impactando cerca de 400 empresas cadastradas em sua plataforma e proporcionando a mais de 15 mil estudantes a oportunidade de participarem de processos seletivos para vagas de estágio. Com divulgação diária de vagas para 31 mil alunos e mais de 3 mil convênios com instituições de ensino em todo o País, a empresa, sediada em Maringá, no noroeste Paraná, gerou 1,7 mil contratos de estágio desde 2021.
CEO e sócia majoritária da startup, Heloize ficou em primeiro lugar na categoria Ciência e Tecnologia no Prêmio Sebrae Mulher de Negócios, um reconhecimento pelo impacto social e pela inovação da sua plataforma. Ela conta que desde o Ensino Médio buscava independência financeira e, após se formar em Psicologia pela Universidade Estadual de Maringá (UEM), começou carreira no Sistema Único de Saúde (SUS), onde atendeu jovens em situação de vulnerabilidade.
“O trabalho é um motor de desenvolvimento, pois cria responsabilidade, oferece acesso a cursos, amplia a cultura e ajuda no autoconhecimento. Foi no SUS que percebi o quanto a experiência profissional poderia transformar vidas, além de abrir portas para o crescimento pessoal e profissional”, reflete.
Foi após abrir um consultório particular e montar uma espécie de coworking para psicólogos que Heloize desengavetou e remodelou uma proposta do marido sobre plataforma de estágios. Movida pela inquietação em relação à burocracia e às dificuldades que os jovens enfrentavam para conseguir oportunidades, Heloize viu no projeto tecnológico uma forma de aliar seu conhecimento e facilitar o acesso ao mercado de trabalho para milhares de estudantes.
A operação começou na garagem de casa, em maio de 2021. Depois de ser lançada, rapidamente conquistou seu primeiro contrato de estágio. Na trajetória, contou com suporte do grupo de networking empresarial BNI, participou de projetos do Sebrae/PR, como o Capital Empreendedor, além de consultorias. Também conta com o apoio da Evoa Aceleradora, onde está instalada. Hoje, a equipe tem oito colaboradores.
“Não somos somente uma plataforma que liga empresa e jovens estudantes. Fazemos todo o gerenciamento de contratos, que é a parte mais difícil. E como operamos no Brasil com parcerias e o mesmo sistema, os negócios que estão em mais de um estado, por exemplo, não precisam contratar agências distintas em cada local, pois oferecemos uma solução completa”, destaca a empreendedora.
Com uma abordagem bootstrapping, ou seja, com recursos próprios e limitados, sem suporte de investidores, a empresa cresceu 560% em receita no primeiro ano e 170% no segundo ano. Recentemente, amadureceu a ideia de captar investimentos e abrir seu capital, resultando em um valuation milionário assinado nesta quarta-feira (13) com o fundo Maringá Capital.
“Foi um passo essencial. Um valuation milionário que nos permitirá escalar e continuar crescendo. Outra novidade é que fechamos parceria com a Associação Comercial e Empresarial de Londrina para ofertar o serviço para empresas”, afirma.
Desafios
Para a empresária, apesar de alguns obstáculos que ainda existem por preconceito de gênero, o compromisso com a missão de democratizar a tecnologia e o mercado de trabalho para estudantes se mantém.
“Em momentos de negociações e reuniões de negócios, sinto a necessidade de me impor para ser ouvida e valorizada enquanto mulher, em um ambiente predominantemente masculino. Mas, isso não tem me impedido de avançar. O objetivo é mostrar que a tecnologia está a serviço das pessoas. Se conseguir isso, terei cumprido meu papel”, diz a CEO.
O segmento de tecnologia e de startups representa um desafio para empreendedoras. Das 1.758 startups mapeadas pelo Sebrae/PR em 2023 no Paraná, 35,8% são geridas por mulheres. Na região noroeste, dos 176 fundadores, 40 são mulheres.
Nickolas Kretzmann, consultor do Sebrae/PR, destaca o papel dos empreendedores no ecossistema de startups, ressaltando a importância e espaço para a participação feminina.
“Só temos um ecossistema completo em Maringá, que apoia da ideação até a escala, porque os empreendedores têm desejo de crescer e compromisso. Queremos e trabalhamos para ter mais mulheres no segmento, já que agregam dinamismo e visão de negócios com o desejo de transformação. A Vehlor é um exemplo claro do potencial das startups lideradas por mulheres”, afirma Nickolas.