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IG das broas de centeio de Curitiba é a primeira Indicação Geográfica brasileira de 2025

A Indicação Geográfica tem um aspecto inédito por ser a primeira vez que o INPI concede o registro para um produto do mercado de panificação
Por ASN Paraná
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Com mais de 150 anos de história, as broas de centeio de Curitiba (PR) receberam, nesta terça-feira (14), o registro de Indicação Geográfica (IG) do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). O reconhecimento na modalidade de Indicação de Procedência é o primeiro concedido a um produto de panificação no Brasil. Com a publicação, passam a ser 126 IGs brasileiras reconhecidas no país, sendo 97 por Indicação de Procedência e 29 por Denominação de Origem – além de outras 10 estrangeiras.

Logo das Broas de Centeio de Curitiba. Crédito: divulgação.

O registro engloba os municípios de Curitiba, Araucária, São José dos Pinhais, Almirante Tamandaré, Colombo, Pinhais e Piraquara. A receita das broas acompanhou a formação e o desenvolvimento do Paraná e, mais especificamente, de Curitiba, com base nas origens dos imigrantes europeus.

O processo de levantamento de informações e a estruturação do pedido aconteceu no início da pandemia. Vilson Felipe Borgmann, empreendedor e presidente do Sindicato da Indústria de Panificação e Confeitaria no Estado do Paraná (Sipcep), destaca que o exercício possibilitou um resgate histórico e cultural do produto.

“Vemos que esse processo foi e seguirá sendo importante para o setor de panificação. Hoje, podemos dizer que temos registros e sabemos a origem das broas de centeio de Curitiba. Está em andamento um pedido para que o produto se torne um Patrimônio Cultural de Curitiba, além de também estar planejada a criação de um roteiro gastronômico com padarias locais. Agora, aliado a um trabalho de capacitação com negócios locais, o consumidor terá o conhecimento de que está consumindo um bom produto e que segue as receitas tradicionais”, comenta.

Broas de centeio de Curitiba foram a primeira IG de 2025. Fotos: divulgação.

A consultora do Sebrae/PR, Maria Isabel Rosa Guimarães, aponta ainda para o potencial de Curitiba e região, com um grande potencial consumidor e destaque em diferentes áreas, como gastronomia e turismo.

“A broa de centeio é a menina dos olhos, ela agrega e valoriza a história. Esse reconhecimento vem em um momento onde também está sendo buscado o selo de IG para a carne de onça de Curitiba, pratos que tradicionalmente andam em conjunto. Além disso, estamos realizando um trabalho junto das panificadoras e cafeterias que vem desde 2019 para envolver e incentivar o uso desse e de demais produtos de Indicação Geográfica que temos espalhados pelo Paraná”, completa.

Como é produzido?

A broa é um pão obtido por meio da combinação de farinhas de centeio e trigo, com a adição de água e sal, resultado do processo de fermentação e cocção, podendo ter outros ingredientes como açúcares, gorduras e fermento biológico. O produto passou de um alimento simples e hoje é um patrimônio da capital paranaense. Há registros de que ele foi oferecido a visitantes ilustres como o Imperador do Brasil Dom Pedro II, no século XIX, e ao Papa João Paulo II, no século passado.

Mesmo sendo um produto tradicional, as broas de centeio de Curitiba passaram por transformações. Durante mais de um século e meio, as receitas e processos de produção se adaptaram à disponibilidade de farinhas, fermentos, às alterações nos processos de produção de pão, à legislação e às demandas dos consumidores.

“O produto também ganhou, ao longo dos anos, relevância cultural e econômica, ocupando um espaço de destaque na identidade gastronômica e no imaginário coletivo da cidade, aspectos que contribuíram para a concessão da IG”, destaca a divulgação do INPI.

Registro concedido pelo INPI na categoria Indicação de Procedência (IP).
Indicações Geográficas

As Indicações Geográficas (IG) são ferramentas coletivas de valorização de produtos tradicionais vinculados a determinados territórios. Elas possuem duas funções principais: agregar valor ao produto e proteger a região produtora.

O sistema de Indicações Geográficas promove os produtos e sua herança histórico-cultural, que é intransferível. Essa herança abrange vários aspectos relevantes: área de produção definida, tipicidade, autenticidade com que os produtos são desenvolvidos e a disciplina quanto ao método de produção, garantindo um padrão de qualidade. Tudo isso confere uma notoriedade exclusiva aos produtores da área delimitada.

A coordenadora de Tecnologias Portadoras de Futuro do Sebrae, Hulda Giesbrecht, diz que as IGs são uma forma de ter mais valor agregado, além de promover a geração de empregos nas localidades.

“As Indicações Geográficas têm um papel de fortalecer a reputação e promover a abertura de novos mercados para os produtos das regiões reconhecidas, o que passa a acontecer com as broas de centeio de Curitiba. Os pequenos negócios de panificação da região serão protagonistas na proteção desse patrimônio e na garantia da qualidade de um produto tradicional com possibilidades de maior retorno para todos os envolvidos na sua produção e comercialização”, comenta.

Paraná

Atualmente, no Paraná, são 15 Indicações Geográficas reconhecidas pelo INPI: cachaça e aguardente de Morretes; melado de Capanema; mel de Ortigueira; cafés especiais do Norte Pioneiro; morango do Norte Pioneiro; vinhos de Bituruna; goiaba de Carlópolis; mel do Oeste do Paraná; barreado do Litoral do Paraná; queijos coloniais de Witmarsum; bala de banana de Antonina; erva-mate São Matheus; camomila de Mandirituba; uvas finas de Marialva e as broas de centeio de Curitiba. Além delas, há uma IG concedida para Santa Catarina, que também envolve municípios do Paraná e Rio Grande do Sul, que é o mel de melato da Bracatinga do Planalto Sul do Brasil.

Outros produtos estão em busca do registro e possuem pedidos depositados no INPI: tortas de Carambeí; mel de Prudentópolis; urucum de Paranacity; queijos do Sudoeste do Paraná; cracóvia de Prudentópolis; carne de onça de Curitiba; café de Mandaguari; ponkan de Cerro Azul; ovinos e caprinos da Cantuquiriguaçu; ginseng de Querência do Norte e ostras do Cabaraquara.

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