Com apoio do Sebrae Paraná, iniciativa mostra como a aproximação entre mercado e pesquisa acadêmica pode promover negócios e qualidade de vida para a comunidade
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Uma promessa de melhor resultado na regeneração de células e cicatrização de ferimentos. Essa é a proposta do “Curativo Hope”, criado pelo maringaense formado em Biomedicina, Elton Cruz. Ele desenvolveu a solução a partir de um “molde”, sobre o qual foi “desenhado” o curativo que utiliza colágeno, ativos antimicrobianos e produtos naturais, que aumentam a regeneração celular de qualquer tipo de tecido.
A iniciativa de Cruz mostra que a proximidade entre academia e mercado pode gerar negócios e qualidade de vida para a comunidade. O doutorando do Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde (PCS) da Universidade Estadual de Maringá (UEM) e estudante de Medicina na Unipar, em Umuarama, noroeste do Paraná, levou a solução para um concurso nacional e classificou-se entre os 12 semifinalistas, dentre 270 projetos inscritos. O concurso “Tirando do papel ideias que salvam vidas”, realizado pelo Health Business Summit (HBS), teve os resultados finais apresentados em abril, em Belo Horizonte.
Cruz teve a ideia do curativo a partir de seu projeto de mestrado, para o qual precisou desenvolver um tecido que “imitasse” o epitélio vaginal. Após aplicar melhorias sobre a proposta, o pesquisador chegou ao “Curativo Hope”, que pode ser aplicado para pessoas que sofreram queimaduras, lesões e outros ferimentos. A solução não só pode ser utilizada para cicatrização de pele, mas também poderá futuramente ser aplicada a órgãos internos após cirurgias.
Sobre o diferencial do produto, o pesquisador explica que nem toda matriz dérmica, ou seja, materiais que substituem camadas mais profundas da pele, possuem colágeno ou ativos antimicrobianos de alta eficiência, bem como produtos naturais que aumente a proliferação celular.
“Em sua grande maioria, são apenas polímeros sintéticos, sendo necessário aliar outros produtos para propiciar toda a eficiência e a qualidade que nosso curativo pode ofertar”, comenta Cruz.
Já estão em andamento o levantamento de documentos para o pedido de patente e solicitação de autorização para comercialização junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). “Acreditamos que a aplicabilidade diversificada na área da Saúde poderá ter grande aceite na comunidade médica, pois nosso produto é fomentado de forma rápida e a baixo custo, utilizando tecnologia de ponta”, observa.
Cruz é fundador da startup Celleng Biomedical Engennering e integra o Hub Connect Health de Maringá, grupo organizado pelo Sebrae Paraná na cidade. O objetivo é estar mais próximo do mercado para tornar viáveis as soluções e contribuir com o setor. Em diversas frentes, o pesquisador também procura apoio de investidores anjos e estuda a possiblidade de crowdfunding (financiamento coletivo) e venture capital (capital de risco), bem como a disponibilização de participação na sociedade da startup.
“Para escalar nosso produto, estamos constantemente fazendo parcerias com médicos especialistas de diversas áreas da Saúde. Também nos aproximamos do mercado a fim de criar networking e encontrar novas possibilidades”, comenta o pesquisador.
HBS
Em sua primeira edição, o “Tirando do papel ideias que salvam vidas”, do HBS, ocorreu em 15 universidades, responsáveis pela prospecção de equipes – os grupos contaram com membros da área da saúde e de outras, desde que os projetos fossem na área da saúde. Na primeira etapa, houve mentorias e orientações. Na segunda, as soluções foram aceleradas e passaram por melhorias. Na etapa final, houve eventos sobre saúde e empreendedorismo e apresentação de projetos. O prêmio foi de R$ 100 mil para a startup vencedora, a Innsumo, que é de base biotecnológica e é voltada para atender a indústria.
Associação sem fins lucrativos não governamental, que fomenta empreendimentos na área da ciência e saúde, o HBS objetiva oportunizar empreendedorismo, reunindo entusiastas do segmento, empresários, pesquisadores, investidores, entre outros.
“Já na primeira edição, atingimos mais de 8,5 mil pesquisadores, envolvemos mais de 37 universidades, do setor de Saúde, instituições e empresários que contribuíram para o evento e, inclusive, para o prêmio. Agora, vamos trabalhar reajustes desta jornada, que começou em janeiro de 2021, para o próximo ciclo”, diz Lucas Zandonadi dos Santos, representante do HBS em Maringá e estudante de Medicina da UEM.
O Sebrae Paraná ofereceu suporte para a organização do evento, com orientações diretas para o HBS no Sul do Brasil, que foram replicadas em todo o país. Segundo a consultora da instituição, Letícia Albuquerque, que participou da banca classificatória de avaliação dos projetos, um dos objetivos ao apoiar a iniciativa é contribuir para que os projetos se tornem negócios.
“Durante a formação acadêmica, estudantes adquirem técnica, mas têm pouco acesso a empreendedorismo. Queremos instigar esse público a levar do ambiente acadêmico para o mercado as ideias inovadoras. O objetivo é que tenham visão de negócios nos seus projetos”, completa Letícia.
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