Produzida em Mandirituba, na Região Metropolitana de Curitiba, a camomila é um produto paranaense que está no processo de busca pela Indicação Geográfica (IG), na modalidade Indicação de Procedência, junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). Trazida há cerca de 40 anos para o município por imigrantes europeus, principalmente da região da Polônia e Ucrânia, a iniciativa em prol do reconhecimento da erva medicinal envolve produtores da região, o Sebrae Paraná e a Prefeitura de Mandirituba.
Com início em outubro de 2021, as ações estão em fase de planejamento estratégico, que conta com a produção do caderno de especificações técnicas e o estatuto para a criação de uma associação dos produtores de camomila de Mandirituba.
De acordo com dados da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (SEAB), em 2020, foram produzidas 280 toneladas da camomila, com valor bruto de produção de 6 milhões e 640 mil reais, equivalente a 11,93% do total do município. Ao todo, são cerca de 40 produtores na região. Em 2021, segundo a secretaria de Agricultura e Meio Ambiente de Mandirituba, foram cerca de 430 toneladas produzidas.
A consultora do Sebrae Paraná, Aline Geani Barbosa dos Santos, ressalta a importância da mobilização. “Fizemos alguns diagnósticos de potencialidades para produtos e serviços para o estado do Paraná. Um deles foi Mandirituba, por conta da Camomila. A indicação geográfica visa reconhecer a reputação da cidade, a qualidade e características do produto e da sua produção”, diz.
Além disso, a variedade do local passará por pesquisas específicas. “Será feito um raio-x para conhecer seus diferenciais e caracterizar o biotipo”.
Localizado na Colônia Retiro, em Mandirituba, o produtor Tiago Samila iniciou na produção de camomila com 16 anos e conta que tudo começou com sua avó, há cerca de 40 anos. “Minha família é tradicional no cultivo. Tudo iniciou com minha avó, depois passou para meu pai e tios. Com o tempo passando, eles migraram para outras profissões. Foi então que, quando terminei o ensino médio, vi uma oportunidade de continuar esse trabalho, que estou faz 10 anos”, conta.
Em 2021, de acordo com o produtor, foram produzidas 15 toneladas de camomila em sua propriedade. A comercialização da matéria-prima foi realizada para empresas de chás e condimentos da região.
Quando perguntado sobre a iniciativa, Tiago celebra. “A IG da camomila vai agregar valor não apenas para a erva, mas também para o turismo, para o desenvolvimento de novos produtos, agregando conhecimento e chamando a atenção”, analisa.
Com o plantio sendo realizado entre abril e maio, e a colheita entre agosto e setembro, a cidade ainda é palco do Circuito da Camomila. Realizado em agosto, o circuito é uma das etapas da Caminhada Internacional na Natureza e é um diferencial turístico da região com potencial de receber duas mil pessoas durante o período.
O produtor Jose Edinei Klichevicz, com propriedade situada na comunidade Chimboveiro, em Mandirituba, conta que estava em busca de uma nova cultura para incluir em sua plantação e, então, conheceu a erva medicinal. “Iniciamos em 2011 o plantio e logo no início notamos o potencial”, projeta Klichevicz.
Hoje, o Jose conta que produz em média 25 toneladas ao ano da camomila flor, que possui a maior porcentagem de flores, e da camomila mista, composta por flores e um pedúnculo.
“Esse trabalho é muito importante para nós produtores, vem para auxiliar e trazer conhecimento de vários aspectos da nossa camomila. Além disso, notamos a importância da divulgação e estamos com altas expectativas sobre o trabalho que vem sendo realizado”, diz o produtor da comunidade Chimboveiro, Jose Klichevicz.
A Indicação Geográfica (IG), na modalidade Indicação de Procedência, de Mandirituba para a camomila visa reconhecer a reputação, a qualidade e as características típicas do produto e da sua produção. O registro de Indicação de Procedência garante a tradição histórica da produção em certa região geográfica.
“A busca pelo registro é vista como um projeto valioso, tanto para o poder público municipal como também para os agricultores envolvidos. Ganha o município em função de sua maior visibilidade e também os produtores organizados em associação porque terão seus mercados ampliados e um maior valor agregado ao seu produto final”, finaliza o secretário de Agricultura e Meio Ambiente de Mandirituba, Douglas José Lourenço.
Relevância
A Indicação Geográfica (IG) é importante para os pequenos negócios e produtores, pois é considerada um diferencial competitivo. Além disso, esse signo permite a valorização dos produtos tradicionais brasileiros e a herança histórico-cultural, protegendo as regiões produtoras. Nesse contexto, o legado agrega à área de produção definida, tipicidade, autenticidade com que os produtos são desenvolvidos e a disciplina quanto ao método de produção, garantindo um padrão de qualidade.
O Paraná possui, ao todo, nove produtos paranaenses com o registro de IG. São eles: a Bala de Banana de Antonina, Melado de Capanema, Goiaba de Carlópolis, Queijo de Witmarsum, Uvas de Marialva, Café do Norte Pioneiro, Mel do Oeste, Mel de Ortigueira, Erva-mate São Matheus, do Sul do Paraná.
Outros cinco produtos aguardam receber a certificação do INPI, como os Vinhos de Bituruna, Barreado do Litoral do Paraná, Farinha de Mandioca do Litoral do Paraná, Cachaça de Morretes e Morango do Norte Pioneiro.
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