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Pequenos produtores da Região Sul conectam sabores e tradições com novos mercados em Curitiba

Visita técnica passou por espaços com práticas que valorizam as origens, saberes e produtos com Indicação Geográfica
Por Paula Brukmuller
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Pequenos produtores e empreendedores do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul se reuniram em Curitiba para iniciar a programação do Descobrindo Tesouros – Conexões IG Sul, nesta segunda-feira (08). No roteiro, visitas a empreendimentos que valorizam e comunicam produtos de origem ao consumidor final.

Produtores do Sul do Brasil participaram da experiência sensorial no Lucca Lab, durante a expedição do evento Descobrindo Tesouros | Conexões IG Sul. Fotos: InoveA ação, promovida pelo Sebrae/PR e Curitiba Honesta, tem como foco fortalecer a integração entre os três estados do Sul e ampliar as oportunidades de mercado para quem trabalha com produtos de origem.

A atividade integra o evento que reúne 46 produtos que foram reconhecidos pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial como IG ou outros que estão em busca nos três estados da região. Entre eles, estão vinhos, queijos, embutidos, cafés, frutas, cachaças, mel, ostras, broas e itens tradicionais que expressam a identidade cultural de seus territórios.

Produtores do Sul do Brasil participaram da experiência sensorial no Lucca Lab, durante a expedição do evento Descobrindo Tesouros | Conexões IG Sul. Fotos: Inove.

De Santa Catarina, vieram representantes dos vinhos dos Vales da Uva Goethe, linguiça Blumenau, banana da Região de Corupá, mel de melato da Bracatinga do Planalto Sul do Brasil (que abrange PR, SC e RS) e do queijo artesanal Serrano (que abrange SC e RS).

Do Rio Grande do Sul, participam produtores de vinho do Vale dos Vinhedos, de Pinto Bandeira, e dos Altos Montes, além de representantes do doce de Pelotas.

Já do Paraná, o grupo reúne produtores de cracóvia de Prudentópolis, queijos coloniais de Witmarsum, cafés especiais do Norte Pioneiro, morango do Norte Pioneiro, cachaça e aguardente de Morretes, erva-mate de São Matheus, ostras de Cabaraquara, carne de onça de Curitiba e broas de Centeio de Curitiba, além de representantes de outros produtos de origem do Paraná como os caprinos e ovinos da Cantuquiriguaçu e da queijaria Lita de Paranavaí.

A expedição iniciou às 15h, no Mercado Municipal, com destino ao Lucca Cafés Especiais, onde os produtores foram recebidos por Georgia Franco de Souza, mestre de torra e sócia-proprietária, que conduziu um tour pelas áreas de torrefação e pela estrutura educacional do Lucca Lab. Em seguida, os participantes visitaram o San Francisco Baking Institute, que mantém parceria com o Lucca na formação de profissionais de panificação.

No Lucca Lab, aconteceu a experiência sensorial da tarde: uma degustação orientada de cafés, incluindo grãos de diferentes origens brasileiras, e uma apresentação sobre como construir experiências que conectam o consumidor com os territórios produtores. A visita avançou para a loja-conceito, onde funciona uma cafeteria operada em parceria — o Lucca oferece os cafés e o San Francisco Baking Institute disponibiliza seus pães artesanais no atendimento ao público.

Georgia destacou a importância da promoção de vivências reais entre produtores e o mercado.

“O Sebrae tem um papel fundamental para quem quer crescer com propósito. Ele ajuda o produtor a promover seus produtos, organizar eventos, criar parcerias e pensar em experiências que encantem o cliente final. Construir esse aprendizado em conjunto faz toda a diferença para quem vive da origem e da qualidade”, comentou.

A segunda parada foi a Padaria Família Farinha, um dos maiores e mais tradicionais empórios de Curitiba. O proprietário Pedro Farinha apresentou o espaço, explicou como o público reage a produtos com identidade territorial e reforçou a demanda crescente por itens artesanais e autênticos, especialmente aqueles que carregam histórias, técnicas e tradições de suas regiões.

A avaliação de produtores de outros estados do Sul para o primeiro dia de atividades foi positiva. Eliane Müller, diretora-executiva da Associação dos Bananicultores de Corupá (Asbanco) e gestora da Indicação Geográfica da Banana da Região de Corupá (SC), destacou o quanto a troca de experiências foi valiosa neste primeiro dia.

Eliane Müller, representante da IG Banana de Corupá (SC), acompanha a explicação de Pedro Farinha sobre a operação da Padaria Família Farinha e o mercado curitibano para produtos de origem.

“O mais interessante tem sido ver de perto como os estabelecimentos do Paraná trabalham a origem dos produtos e perceber que temos muito em comum na forma de contar nossas histórias. Trazer a banana de Corupá para esse ambiente e apresentar nossa IG abre portas para novas parcerias, enquanto conhecemos produtos paranaenses que ampliam nossa visão de mercado. Essa troca é muito rica para fortalecer nossos negócios”, afirmou Eliane.

A programação do dia encerrou no CanaBenta, onde o chef Délio Canabrava recebeu os participantes para um bate-papo sobre a relevância dos festivais gastronômicos e o impacto da cultura regional na construção de experiências gastronômicas que aproximam o consumidor dos produtos com Indicação Geográfica.

O chef Délio Canabrava recebe os produtores no Bar CanaBenta para conversar sobre festivais gastronômicos e o papel da cultura regional na valorização das IGs.

“A expedição foi pensada para que os produtores do Sul do Brasil se conheçam, troquem experiências e ampliem a compreensão sobre o potencial do Paraná como mercado. Compartilhamos culturas e histórias semelhantes, e esse encontro permite que os empreendedores enxerguem novas oportunidades ao vivenciar, na prática, como valorizamos os produtos de origem”, disse a consultora do Sebrae/PR, Maria Isabel Guimarães.

A experiência também gerou engajamento entre os participantes. Rafaelle Cristine Mendes, analista de comunicação da Colônia Witmarsum, que possui Indicação de Procedência desde 2011, avaliou o encontro de forma positiva.

Rafaelle Cristine Mendes, da Colônia Witmarsum (PR) durante experiência sensorial no Lucca Cafés Especiais.

“Participar das visitas técnicas é riquíssimo para os produtores. Esses momentos ampliam nosso conhecimento, aproximam os pequenos empreendedores e nos permitem reconhecer desafios semelhantes. Nas conversas, trocamos experiências, testamos ideias e encontramos soluções que nos fortalecem mutuamente”, celebrou.

O produtor Sadi Poletto, presidente da Associação dos Produtores de Cachaça de Morretes e responsável pela Cachaça Ouro de Morretes, reforçou o impacto coletivo das ações do Fórum Origens.

“Caminho com o Sebrae há 15 anos e sempre vejo como as iniciativas do Fórum Origens criam conexões inspiradoras entre os produtores. Esses encontros nos motivam, geram aprendizado e nos impulsionam a buscar ainda mais qualidade e mercado”, reforçou.

Sadi Poletto, presidente da Associação dos Produtores de Cachaça de Morretes e responsável pela Cachaça Ouro de Morretes, participou da expedição das IG do Sul do Brasil.

Para Sérgio Medeiros, coordenador do Fórum Origens Paraná, fundador do Curitiba Honesta e colunista de gastronomia, a integração entre estados fortalece toda a cadeia das IGs.

“As IGs do Sul reúnem histórias, técnicas e tradições únicas. Quando colocamos esses produtores em contato direto com quem transforma esses produtos em experiência, reforçamos a importância cultural e econômica da origem e fortalecemos toda a cadeia”, celebrou.

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