Objetivo é facilitar o acesso aos mercados nacional e internacional e garantir maior valor agregado ao produto da região de Ivaiporã
Um grupo de 15 cafeicultores de Jacutinga, distrito localizado a cerca de 12 quilômetros de Ivaiporã, no Vale do Ivaí, vai buscar o registro de Indicação Geográfica (IG) junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), com apoio do Sebrae/PR. O objetivo é facilitar o acesso aos mercados nacional e internacional e garantir maior valor agregado e competitividade ao café produzido na região.
Fundada em 2012, a Associação da Agricultura Familiar de Jacutinga (AAFJ) é formada por 106 famílias de produtores rurais. Hoje, o distrito concentra 90% da produção de café na região de Ivaiporã. E a cafeicultura é muito tradicional em Jacutinga, que possui lavouras em produção desde a década de 1950. O microclima é uma das características que a diferenciam, já que a área está localizada a 760 metros de altitude.
Outro diferencial importante, segundo o cafeicultor e presidente da AAFJ, Arcindo Ravar Filho, é a organização e modernização das lavouras, que produzem os grãos do tipo Arábica, artesanalmente, numa área aproximada de 1.800 hectares. Os produtores cultivam o café cereja natural, mas parte deles se prepara para a comercialização do cereja descascado, em 2023.
“Aqui, temos cafés especiais com sabores diferenciados, desde achocolatados a mentolados”, conta Ravar.
A qualidade do café de Jacutinga é reconhecida no Paraná e no Brasil, por meio de premiações importantes. Ravar conta que a região possui degustadores formados pelo Ministério da Agricultura, além de um laboratório de provas, que fica dentro da AAFJ.
Jacutinga também promove, desde 2018, festivais anuais de café. Neste ano, o evento será realizado nos dias 7 a 9 de outubro e a programação incluirá o tradicional concurso com a premiação dos melhores cafés da região, que segue os mesmos critérios de avaliação do Concurso Café Qualidade Paraná.
O grupo Mulheres do Café do Vale do Ivaí se destaca com a produção de grãos em Jacutinga distribuídos para várias regiões do Paraná com embalagens personalizadas, que contam a história das produtoras, assim como as características e pontuações dos cafés. A ideia de pleitear a IG é transformar todo esse potencial em benefícios para os produtores, como visibilidade, mais valor agregado e acesso a novos mercados.
A consultora do Sebrae/PR, Joelma Barbosa, explica que o processo será na modalidade Indicação de Procedência (IP), para reconhecer o distrito como centro de produção. Ela explica que o “café de Jacutinga”, além de apresentar notas sensoriais interessantes, pode ser considerado o “café da última fronteira”, dentro do zoneamento agrícola para o plantio comercial dos grãos.
“Os produtores estão reunidos em uma associação. Então, o papel do Sebrae/PR foi mostrar a eles o potencial enorme que possuem para receber esse reconhecimento e incentivá-los para a conquista da certificação”, explica.
Depois da primeira reunião de sensibilização com os cafeicultores, o Sebrae/PR, em parceria com a AAFJ, vai auxiliar o grupo de produtores na montagem do processo e de toda a documentação necessária para a busca da IG.
“Serão vários os benefícios para a comunidade de Jacutinga e de toda Ivaiporã, como o reconhecimento público do ‘saber fazer’ que eles possuem com a cultura do café e das qualidades do café; autoestima melhorada dos cafeicultores; valorização do trabalho magnífico das mulheres; incentivo à permanência dos jovens na comunidade; melhoria nos preços do café; e muita visibilidade, que certamente trará novos compradores completando o círculo virtuoso, com mais produtores se inserindo no processo de produção de café de qualidade”, cita Joelma.
O cafeicultor Sebastião Cereja, que vive e sustenta a família com o cultivo do café, é um dos produtores que integram o grupo. Esposa, filho e nora trabalham na lavoura de aproximadamente um alqueire que, nos últimos dois anos, produziu 800 sacas de 40 quilos de café. Para ele, a conquista da IG será importante para reconhecer a qualidade dos grãos de Jacutinga.
“Procuramos trabalhar com as técnicas mais modernas para melhorar cada vez mais a qualidade do nosso café. Estamos com o maquinário em montagem para começar a produzir o cereja descascado na próxima safra”, conta.