O Arranjo Produtivo Local (APL) de Bonés e Vestuário, de Apucarana, completou 20 anos, com comemoração de conquistas e a projeção de ações futuras, como para o crescimento do setor e a busca por uma Indicação Geográfica para o Boné de Apucarana. O evento foi realizado pelo Sebrae/PR, Sistema Fiep e Sindicato das Indústrias do Vestuário de Apucarana e Vale do Ivaí (Sivale).
Um dos primeiros formalizados no Paraná, o APL Bonés foi responsável por tornar Apucarana reconhecida como a Capital Nacional do Boné (pela Lei Federal nº 2.793/08). O grupo serviu de referência para outras cidades e outros APLs, não só no Estado como em todo o Brasil.
A diretora secretária da Fiep e presidente do Sivale, Elizabete Ardigo, ressalta que a data merecia comemoração, assim como agradecimentos aos parceiros que ajudaram o APL crescer.
“Não podíamos deixar de homenagear o empresário Jayme Leonel, que vem à frente do APL há 20 anos; o Sebrae, que foi nosso parceiro desde o início e nos ajudou a estruturar e organizar tudo, além Fiep, que também esteve conosco logo no começo, nos apoiando sempre”, explica.
Segundo levantamento do Observatório Sistema Fiep, realizado em 2023, o segmento conta com cerca de 2.200 empresas integrantes da cadeia produtiva e 600 indústrias – entre micros, pequenas, médias e grandes empresas – com geração de 20 mil empregos, diretos e indiretos, e produção de quatro milhões de bonés por mês, em média. No início, em 2003, eram 323 estabelecimentos legalmente constituídos relacionados ao arranjo produtivo, de acordo com estudo sobre a APL realizado pela Universidade Estadual de Londrina.
Ardigo aponta também o trabalho do Sivale como fundamental para a longevidade e efetividade do APL de Bonés. Ela lembra que a primeira reunião do arranjo produtivo aconteceu em uma chácara, na qual participaram vários segmentos de indústrias.
“Mas foi o segmento de bonés que se fortaleceu e levou à frente a formação da APL, sendo encabeçada, nestes 20 anos, pelo atual coordenador Jayme Leonel. Ele acreditou e trabalhou arduamente seu desenvolvimento”, diz.
O consultor do Sebrae/PR, Tiago Correia da Cunha, destacou conquistas, programas, ações e atividades que o grupo desenvolveu nesses 20 anos, além de trazer um pouco sobre os objetivos futuros para os empresários presentes.
“Nós apresentamos uma linha do tempo, desde 1977, quando a cidade começou a ter uma produção artesanal de bandanas e tiaras, passando pelos momentos marcantes com o surgimento das primeiras empresas de confecção de bonés até agora, com a reestruturação do APL”, conta Cunha.
“Trabalhamos desde o planejamento estratégico para a criação do arranjo produtivo e depois no desenvolvimento, ao longo das últimas duas décadas como missões técnicas para a China, Angola e Argentina. Uma série de ações que culminaram no crescimento e modernização da gestão dessas empresas dentro do APL”, explica o consultor.
O homenageado Jayme Leonel, que segue à frente do grupo aos 81 anos, diz que o evento foi uma oportunidade de rever pessoas que estiveram presentes na criação e fortalecimento do APL.
“Foram muitas pessoas e muito trabalho também das entidades como o Sebrae, o Sivale, a Prefeitura Municipal, a Fiep, as universidades que contribuíram para o sucesso. O APL do Boné tem uma história bonita que nos transformou no maior polo boneleiro do Brasil. E agora, com a reestruturação que estamos fazendo e novas pessoas chegando, vamos crescer mais”, garante.
Projetos para o futuro
O cluster de empresas, com o apoio de várias associações da região que se reúnem voluntariamente para pensar em melhorias e desenvolvimento econômico para o setor, tem vários projetos para o futuro, de acordo com Tiago Cunha, consultor do Sebrae/PR.
“Devemos ter a implementação de novas tecnologias, desenvolvimento de novos produtos, acesso a novos mercados. Inclusive estamos começando o processo de Indicação Geográfica do Boné de Apucarana, uma parceria do Sebrae e Sivale no Programa de Modernização de Gestão e da Indústria Inteligente”, aponta.
Uma das novas ações executivas é o projeto chamado Bonetizando, que leva alunos do 3º ano do ensino fundamental do município para conhecer o processo produtivo dentro das indústrias. O projeto começou no início de 2024 e pretende se firmar para durar por muitos anos.
Segundo a presidente do Sivale, um dos desafios da região é encontrar mão de obra, mesmo sem qualificação. E o projeto Bonetizando tem o objetivo de despertar a atenção das crianças para que, no futuro, possam pensar em trabalhar nesta área.
“Elas visitam as indústrias e veem os pais trabalhando ali, passam a conhecer o trabalho, e isso gera um senso de pertencimento muito forte. Depois das visitar, elas fazem um desenho para colocar o que entenderam, o que elas acharam importante dentro da indústria. Então, esse trabalho, ela é uma sementinha que nós estamos plantando e vamos escolher esse fruto daqui 10, 15, 20 anos”, projeta.