
O ecossistema de inovação de Londrina apresentou, nesta terça-feira (12), o planejamento estratégico do Instituto Estação 43, entidade criada para fazer a gestão do ecossistema londrinense, também chamado de Estação 43. Entre as principais metas anunciadas para os próximos três anos, está transformar o instituto em uma Organização Social (OS) e fortalecer ainda mais as 12 governanças setoriais existentes na cidade. O evento, realizado no auditório do Clube de Engenharia e Arquitetura de Londrina (CEAL), contou com a presença de lideranças da iniciativa privada, poder público e instituições de ensino.
Atualmente, o ecossistema é categorizado como uma ICT, uma organização sem fins lucrativos, mas que serve de apoio para ações tecnocientíficas de inovação. O objetivo de transformar o instituto em uma OS pretende que o Estação 43 possa gerar renda própria e dar ainda mais suporte ao ecossistema local.
Ecossistema Estação 43
O ecossistema reúne 12 governanças setoriais que têm na inovação a principal força motriz para o desenvolvimento social e econômico. A estruturação do ecossistema de Londrina começou em 2016, quando foi realizado o mapeamento do ecossistema local pela Fundação Certi, liderado por Maria Gorete Hoffmann. Na oportunidade, foram mapeados os principais ativos da cidade e os setores econômicos com maior potencial de inovação.
O estudo trouxe, também, um planejamento de ações a serem executadas em uma parceria entre poder público, entidades, instituições de ensino e empresas para o desenvolvimento de políticas públicas e a criação de novos ativos para transformar a cidade em um ambiente mais favorável à inovação e à instalação de novos negócios.
“Em 2016, o Fórum Desenvolve Londrina propôs fazer um planejamento do nosso ecossistema de inovação. Não quer dizer que o nosso ecossistema estivesse ruim, pelo contrário. Já existia um trabalho de muitos anos, com a participação de 37 entidades, mas o Fórum entendeu, naquela época, que, ao fazer um mapeamento, nossa cidade conseguiria ter ainda mais clareza dos seus pontos fortes e daqueles que precisavam ser melhorados”, explica Heverson Feliciano, consultor do Sebrae/PR.
Heverson conta que o mapeamento da Fundação CERTI destacou, inicialmente, cinco setores-chave no desenvolvimento econômico da cidade: Agronegócio, Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), Eletrometalmecânica, Químico e Materiais e Saúde. “Esses setores foram classificados como estratégicos para fortalecer a economia de Londrina e, assim, aumentar a competitividade dos demais setores”, salienta o consultor.
O início da estruturação do ecossistema
A estruturação e o fortalecimento foram os focos do ecossistema de inovação, desde o mapeamento inicial da Fundação CERTI.
“Naquela época já existiam duas governanças estruturadas: a APL TIC, fundada em 2006, e a Salus, do setor de Saúde. Então, focamos em organizar os demais setores importantes para a economia e ecossistema. Acredito que fizemos isso muito bem, já que hoje temos 12 governanças bem estruturadas, bastante ativas e que têm a participação da iniciativa privada, pública e instituições de ensino”, afirma Heverson.O mapeamento também apontou a necessidade de se criar na cidade um Centro de Inovação. Na época, Londrina já contava com a estrutura de um prédio para esta finalidade, o Tecnocentro, localizado no Parque Tecnológico Francisco Sciarra. As obras foram iniciadas em 2002 e sofreram diversas interrupções, mas em 2022 foi realizada a inauguração oficial do prédio e do parque, graças à parceria do ecossistema com o poder público local e estadual.

Metas e indicadores para os próximos anos
Para definir os próximos passos de fortalecimento do ecossistema local, entre os dias 2 e 12 de julho, representantes das 12 governanças do Estação 43 participaram de oficinas para construírem juntos o novo planejamento estratégico do instituto.
Maria Gorete Hoffman, que liderou o estudo inicial, em 2016, voltou a Londrina para liderar as oficinas e apresentar o Planejamento Estratégico. “O Instituto Estação 43 já nasceu com uma missão linda, que é impulsionar o ecossistema de inovação e ser um facilitador e articulador entre os seus diversos atores. Que importante para o poder público poder contar com um instituto disposto, com o propósito de realmente transformar a cidade”, destaca Maria Gorete.
Ela conta que, durante as oficinas de julho, foram entrevistados representantes de todos os setores e foi unânime o reconhecimento do Estação 43. Um dos principais desafios atuais é transformar o Estação 43 em uma Organização Social (OS), de modo a conquistar uma receita própria para dar fôlego e suporte a ações e eventos do ecossistema. Outro ponto de destaque, segundo a consultora, é que apesar dos atuais 50 ambientes de inovação registrados em Londrina, nem todos são, ainda, integrados às governanças do ecossistema.

“Apesar de bem estruturadas e com objetivos claros, não são todas as governanças que têm fôlego para auxiliar todas as jornadas de apoio ao empreendedor inovador. Então, durante as oficinas, entendemos que fortalecer as governanças é de extrema importância para impulsionar ainda mais o ecossistema como um todo”, explica Maria Gorete.
Por isso, entre as metas e desafios a serem alcançados até 2018 estão questões administrativas e de transparência apoiadas na estruturação formal do Instituto Estação 43 como uma OS.
A consultora também afirma que o capital humano encontrado em Londrina é um grande diferencial e que deve garantir a conquista dos novos objetivos. “Uma coisa que o ecossistema de Londrina tem e eu nunca vi em nenhum ecossistema do País é a quantidade de pessoas engajadas. São mais de 400 voluntários, entre as 12 governanças, que acreditam que a inovação se faz em parceria. Isso dá a Londrina um potencial de ser o mais importante ecossistema do interior do Brasil, como já apontam rankings recentes como o da Endeavor”, enfatiza Maria Gorete.
Reconhecimento
O Estação 43 já conquistou diversos prêmios regionais e nacionais de ecossistemas. Em 2024, duas premiações, uma estadual e outra nacional, reconheceram o trabalho de governança, boas práticas e fomento ao empreendedorismo do Instituto Estação 43.
A primeira conquista deste ano foi o Prêmio Sebrae Prefeitura Empreendedora, na categoria “Simplificação e Fomento ao Empreendedorismo”, que reconheceu, em nível estadual, o trabalho do ecossistema a partir da promoção de um ambiente favorável à inovação. A segunda foi o Selo CSC Govtech, na categoria Prata, que avalia o nível de boas práticas de governança de ecossistemas municipais de inovação, uma premiação nacional realizada pela plataforma Connected Smart Cities, em parceria com a EXXAS.
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