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Ostras do Cabaraquara conquistam IG e reforçam sabor e tradição do litoral paranaense

Região do Estado conta ainda com balas de banana, barreado, cachaça e aguardente com o registro; em todo o Paraná são 22 IG
Por Eduardo Pereira
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Há menos de dois meses para a chegada do verão, a mais nova Indicação Geográfica brasileira vem do litoral do Paraná. As ostras do Cabaraquara foram reconhecidas nesta terça-feira (28) pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). A conquista foi na modalidade Indicação de Procedência (IP), que demonstra a reputação do produto e a relação histórica entre a localidade do cultivo. Além disso, a nova conquista representa um marco para o Estado: são oito novos reconhecimentos para produtos locais apenas em 2025.

Segundo divulgado pelo Instituto, receberam a concessão as ostras produzidas na localidade de Cabaraquara, comunidade do município de Guaratuba, por ter um sabor leve e adocicado e representar “um santuário ecológico onde diversas fazendas marinhas e restaurantes realizam a produção e comercialização de ostras, sendo a ostreicultura a principal atividade econômica realizada na área geográfica”.

A área está delimitada pela Baía de Guaratuba, tendo como limite as escarpas da Serra do Mar, a oeste, e o Oceano Atlântico, a leste, com extensão de 50,19 km². O pedido foi oficializado em 21 de junho de 2024. O processo de organização para obtenção do selo começou antes, em 2022, com todo o processo de diagnóstico da ostra e resgate histórico, com olhar para o fortalecimento da identidade cultural, econômica e o estímulo à renda dos ostreicultores.

Ostras são comercializadas in natura em restaurantes da região. Foto: Inove.

“É motivo de grande orgulho e reforça o nosso compromisso com o desenvolvimento territorial sustentável. A IG traz uma maior visibilidade e diferenciação no mercado. Ela contribui para o turismo, a proteção legal contra usos indevidos e concorrência desleal, garantindo que o nome ‘ostras do Cabaraquara’ seja exclusivo dos produtores autorizados e originários da área delimitada”, celebrou a consultora do Sebrae/PR, Catiane dos Santos.

A Associação Guaratubana de Maricultores (Aguamar) foi a responsável pelo depósito do pedido. Segundo o presidente da Aguamar e produtor local, Elvisley José Rocha Ferreira, a associação conta com cerca de dez produtores atuando na maricultura com produção de cerca de 80 mil dúzias anualmente. O reconhecimento vem para somar a todas as frentes da economia, como o turismo, a gastronomia e a comercialização segura.

“A procura pelas ostras vem aumentando. Todo o processo de reconhecimento já fez grande diferença e, com essa conquista, teremos ainda mais credibilidade no mercado”, destacou.

Elas foram reconhecidas por conta do fator histórico e de seu sabor leve e adocicado. Foto: Adriano Oltramari.

Conhecido popularmente como Belém, ele atua na maricultura há mais de vinte anos e conta com uma produção de 12 a 15 mil dúzias por ano. Caracterizado pela produção artesanal familiar, o cultivo na região teve início na década de 1990, como uma alternativa sustentável à pesca extrativista.

“A expectativa é que nossos produtos fiquem ainda mais atrativos e valiosos para os consumidores. Só temos a agradecer por toda a parceria”, comemorou.

Ano de destaque

As ostras do Cabaraquara se tornaram a 8ª IG paranaense concedida em 2025. Receberam o selo ainda a ponkan de Cerro Azul, as broas de centeio de Curitiba, a cracóvia de Prudentópolis, a carne de onça de Curitiba, o café de Mandaguari, o urucum de Paranacity e o queijo colonial do Sudoeste do Paraná.

Área de cultivo das ostras na Baía de Guaratuba. Foto: Inove.
União pelo desenvolvimento

O processo foi resultado de parceria entre Sebrae/PR, Prefeitura de Guaratuba e Aguamar, além de apoio do Governo do Paraná, Universidade Federal do Paraná, Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná), Instituto Água e Terra (IAT) e Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar).

“As ostras de Cabaraquara são um orgulho de Guaratuba, reconhecidas pela sua qualidade e sabor únicos. A conquista da Indicação Geográfica é um passo estratégico para valorizar nosso produto, fortalecer a maricultura local e garantir mais oportunidades para quem vive e trabalha aqui. Isso significa mais emprego, mais reconhecimento para os maricultores e suas famílias, além de impulsionar nossa gastronomia e o turismo”, afirmou o prefeito de Guaratuba, Mauricio Lense.

O caderno de especificações aponta diretrizes de cultivo e indica três diferentes técnicas que podem ser utilizadas: longline (com corda suspensa por boias, com extremidades fixadas ao fundo, onde são amarradas as lanternas), balsa (estrutura rígida e flutuante) ou de mesa (estruturas fixas influenciadas pelas marés).

Espaço já recebeu missões técnicas, como foi o caso de visita do Fórum Origens Paraná para conhecer como é o cultivo, em 2023. Foto: Inove. 

Nereu de Oliveira é maricultor desde 2002 e conta com um restaurante na baía, onde comercializa seus produtos. Sua produção continua sendo artesanal e com ostras nativas, respeitando os cuidados necessários à Área de Proteção Ambiental Estadual de Guaratuba.

Localizado na região, o consumidor que visita o estabelecimento pode andar por uma passarela próxima do manguezal, onde é realizada a produção. Quando perguntado sobre a busca pela IG, o empresário observou.

“Tivemos que fortalecer o grupo, amadurecer a ideia e arregaçar as mangas. Foram várias reuniões, alterações estatutárias e criação do caderno de manejo, que antes não existia. Hoje, colhemos essa conquista do selo de IG e que com certeza vai alavancar e valorizar nosso produto”, relatou.

Conquista chegou após três anos após o início do processo. Foto: Adriano Oltramari.
Paraná

Atualmente, o Paraná conta com 22 IG. Junto das ostras do Cabaraquara, estão reconhecidas: ponkan de Cerro Azul; broas de centeio de Curitiba; a cracóvia de Prudentópolis; a carne de onça de Curitiba; o café de Mandaguari; o urucum de Paranacity; o queijo colonial do Sudoeste do Paraná; mel de Ortigueira; queijos coloniais de Witmarsum; cachaça e aguardente de Morretes; melado de Capanema; cafés especiais do Norte Pioneiro; morango do Norte Pioneiro; vinhos de Bituruna; goiaba de Carlópolis; mel do Oeste do Paraná; barreado do Litoral do Paraná; bala de banana de Antonina; erva-mate de São Matheus; camomila de Mandirituba; uvas finas de Marialva.

Além delas, há ainda o mel de melato da bracatinga do Planalto Sul do Brasil, Indicação Geográfica concedida a Santa Catarina que envolve municípios do Paraná e do Rio Grande do Sul.

O Estado conta com nove produtos depositados e em análise no INPI: acerola de Pérola; mel de Prudentópolis; caprinos e ovinos da Cantuquiriguaçu; ginseng de Querência do Norte; tortas de Carambeí; pão no bafo de Palmeira; cervejas artesanais de Guarapuava; café da serra de Apucarana; e mel de Capanema.

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