Há menos de dois meses para a chegada do verão, a mais nova Indicação Geográfica brasileira vem do litoral do Paraná. As ostras do Cabaraquara foram reconhecidas nesta terça-feira (28) pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). A conquista foi na modalidade Indicação de Procedência (IP), que demonstra a reputação do produto e a relação histórica entre a localidade do cultivo. Além disso, a nova conquista representa um marco para o Estado: são oito novos reconhecimentos para produtos locais apenas em 2025.
Segundo divulgado pelo Instituto, receberam a concessão as ostras produzidas na localidade de Cabaraquara, comunidade do município de Guaratuba, por ter um sabor leve e adocicado e representar “um santuário ecológico onde diversas fazendas marinhas e restaurantes realizam a produção e comercialização de ostras, sendo a ostreicultura a principal atividade econômica realizada na área geográfica”.
A área está delimitada pela Baía de Guaratuba, tendo como limite as escarpas da Serra do Mar, a oeste, e o Oceano Atlântico, a leste, com extensão de 50,19 km². O pedido foi oficializado em 21 de junho de 2024. O processo de organização para obtenção do selo começou antes, em 2022, com todo o processo de diagnóstico da ostra e resgate histórico, com olhar para o fortalecimento da identidade cultural, econômica e o estímulo à renda dos ostreicultores.

“É motivo de grande orgulho e reforça o nosso compromisso com o desenvolvimento territorial sustentável. A IG traz uma maior visibilidade e diferenciação no mercado. Ela contribui para o turismo, a proteção legal contra usos indevidos e concorrência desleal, garantindo que o nome ‘ostras do Cabaraquara’ seja exclusivo dos produtores autorizados e originários da área delimitada”, celebrou a consultora do Sebrae/PR, Catiane dos Santos.
A Associação Guaratubana de Maricultores (Aguamar) foi a responsável pelo depósito do pedido. Segundo o presidente da Aguamar e produtor local, Elvisley José Rocha Ferreira, a associação conta com cerca de dez produtores atuando na maricultura com produção de cerca de 80 mil dúzias anualmente. O reconhecimento vem para somar a todas as frentes da economia, como o turismo, a gastronomia e a comercialização segura.
“A procura pelas ostras vem aumentando. Todo o processo de reconhecimento já fez grande diferença e, com essa conquista, teremos ainda mais credibilidade no mercado”, destacou.

Conhecido popularmente como Belém, ele atua na maricultura há mais de vinte anos e conta com uma produção de 12 a 15 mil dúzias por ano. Caracterizado pela produção artesanal familiar, o cultivo na região teve início na década de 1990, como uma alternativa sustentável à pesca extrativista.
“A expectativa é que nossos produtos fiquem ainda mais atrativos e valiosos para os consumidores. Só temos a agradecer por toda a parceria”, comemorou.
Ano de destaque
As ostras do Cabaraquara se tornaram a 8ª IG paranaense concedida em 2025. Receberam o selo ainda a ponkan de Cerro Azul, as broas de centeio de Curitiba, a cracóvia de Prudentópolis, a carne de onça de Curitiba, o café de Mandaguari, o urucum de Paranacity e o queijo colonial do Sudoeste do Paraná.

União pelo desenvolvimento
O processo foi resultado de parceria entre Sebrae/PR, Prefeitura de Guaratuba e Aguamar, além de apoio do Governo do Paraná, Universidade Federal do Paraná, Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná), Instituto Água e Terra (IAT) e Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar).
“As ostras de Cabaraquara são um orgulho de Guaratuba, reconhecidas pela sua qualidade e sabor únicos. A conquista da Indicação Geográfica é um passo estratégico para valorizar nosso produto, fortalecer a maricultura local e garantir mais oportunidades para quem vive e trabalha aqui. Isso significa mais emprego, mais reconhecimento para os maricultores e suas famílias, além de impulsionar nossa gastronomia e o turismo”, afirmou o prefeito de Guaratuba, Mauricio Lense.
O caderno de especificações aponta diretrizes de cultivo e indica três diferentes técnicas que podem ser utilizadas: longline (com corda suspensa por boias, com extremidades fixadas ao fundo, onde são amarradas as lanternas), balsa (estrutura rígida e flutuante) ou de mesa (estruturas fixas influenciadas pelas marés).

Nereu de Oliveira é maricultor desde 2002 e conta com um restaurante na baía, onde comercializa seus produtos. Sua produção continua sendo artesanal e com ostras nativas, respeitando os cuidados necessários à Área de Proteção Ambiental Estadual de Guaratuba.
Localizado na região, o consumidor que visita o estabelecimento pode andar por uma passarela próxima do manguezal, onde é realizada a produção. Quando perguntado sobre a busca pela IG, o empresário observou.
“Tivemos que fortalecer o grupo, amadurecer a ideia e arregaçar as mangas. Foram várias reuniões, alterações estatutárias e criação do caderno de manejo, que antes não existia. Hoje, colhemos essa conquista do selo de IG e que com certeza vai alavancar e valorizar nosso produto”, relatou.

Paraná
Atualmente, o Paraná conta com 22 IG. Junto das ostras do Cabaraquara, estão reconhecidas: ponkan de Cerro Azul; broas de centeio de Curitiba; a cracóvia de Prudentópolis; a carne de onça de Curitiba; o café de Mandaguari; o urucum de Paranacity; o queijo colonial do Sudoeste do Paraná; mel de Ortigueira; queijos coloniais de Witmarsum; cachaça e aguardente de Morretes; melado de Capanema; cafés especiais do Norte Pioneiro; morango do Norte Pioneiro; vinhos de Bituruna; goiaba de Carlópolis; mel do Oeste do Paraná; barreado do Litoral do Paraná; bala de banana de Antonina; erva-mate de São Matheus; camomila de Mandirituba; uvas finas de Marialva.
Além delas, há ainda o mel de melato da bracatinga do Planalto Sul do Brasil, Indicação Geográfica concedida a Santa Catarina que envolve municípios do Paraná e do Rio Grande do Sul.
O Estado conta com nove produtos depositados e em análise no INPI: acerola de Pérola; mel de Prudentópolis; caprinos e ovinos da Cantuquiriguaçu; ginseng de Querência do Norte; tortas de Carambeí; pão no bafo de Palmeira; cervejas artesanais de Guarapuava; café da serra de Apucarana; e mel de Capanema.
