Trilhas em meio a natureza, banhos de mar, praias desertas, culinária típica, pescas artesanais e esportivas. Independente do gosto, o litoral paranaense é repleto de opções. Com esse propósito, uma visita técnica reuniu 27 pessoas para vivenciar e fomentar o turismo de base comunitária na baía de Paranaguá.
Em uma das comunidades reside Glory do Nascimento, de 73 anos. Natural de Guaraqueçaba, ela mora na Ponta do Ubá há 38 anos, onde serve café em sua própria casa para grupos de turistas e foi a primeira a receber os visitantes. Aposentada, ela conta que a comunidade possui cerca de cem pessoas e que já recebeu grandes grupos.
“Grupos de escoteiros, com 80 pessoas, já vieram e apresentamos a nossa praia. Eles ficam encantados. É muito legal, faço esse trabalho há 11 anos e gosto muito. Nosso desejo é o de seguir recebendo esse público”, destaca.
Além da Ponta do Ubá, as comunidades de Amparo, Eufrazina, Ilha dos Valadares, Piacaguera e São Miguel também fazem parte do projeto, que teve início em maio de 2023. Resultado de esforços do Sebrae/PR e do Terminal de Contêiners de Paranaguá (TCP), o propósito é o de estimular o turismo comunitário. Uma forma de viajar para conhecer a cultura local, aprender sobre costumes e compartilhar práticas diárias.
Um dos desafios nas regiões é o de formatar roteiros e produtos turísticos que atraiam o público que está em Paranaguá e em todas as regiões do Paraná, Brasil e até de outros países. Também na Ponta do Ubá está a Pousada Mamangaba de Ubá. O proprietário Edson Fernandes Maciel conta que está à frente do negócio há 15 meses, mas que o ambiente existe há mais de 25 anos.
“Um turista consciente, que venha e possa se deslumbrar com a beleza natural que temos. A pousada tem essa proposta: receber pessoas para conhecer suas histórias e o mundo pelo seu olhar. E apresentar as nossas histórias para esses visitantes, tendo eles ao nosso lado em diferentes atividades por toda a comunidade”, afirma.
O gerente da Regional Leste do Sebrae/PR, Weliton Perdomo, identifica que a atuação vai além do turismo, com a necessidade de voltar olhares para a infraestrutura, por exemplo, que possam melhor a experiência dos turistas dos moradores e dos pequenos negócios.
“A proposta do projeto e das ações é potencializar o que está sendo bem-feito, contribuir com técnicas e apresentar boas práticas que podem profissionalizar o atendimento. Uma das formas de fazer isso é unindo instituições públicas e privadas, em todas as esferas, ao lado de agências e associações, uma construção de parcerias e se preocupando com a educação ambiental, preservação e acessibilidade”, ressalta.
Lar de um dos principais portos brasileiros, as comunidades da baía contrastam com as grandes embarcações e servem como alternativa para o espaço, que começou a receber transporte de passageiros nos últimos anos.
“A TCP financiou o projeto Turismo de Base Comunitária, executado pelo Sebrae, porque apoiamos o empreendedorismo sustentável nas comunidades que vivem no entorno da baía de Paranaguá é uma iniciativa importante para garantir a preservação do meio ambiente, bem como valorizar a cultura local. A geração de renda para a população fortalece a autonomia e autoestima da comunidade enquanto gestores do próprio negócio”, afirma Rafael Stein, gerente institucional, jurídico e regulatório da TCP.
União familiar
Na comunidade de Amparo, o empreendedorismo feminino tem como destaque o Cantinho das Oliveiras. Comandado por Izabelle, Valmira e Suelen de Oliveira, o restaurante é conhecido por sua comida caseira, decoração acolhedora e por suas festas juninas, de halloween e de pagode. Valmira lembra que esses são apenas alguns dos exemplos organizados pela família.
“O restaurante agrega muita gente e a nossa família sempre foi assim. O almoço costumamos trabalhar com reservas e atender esse povo que vem de fora, seja de comunidades vizinhas, de Paranaguá, Curitiba ou de outras regiões e estamos aprendendo muito nesse projeto. Seja no trabalho de precificação de produtos, na nossa gestão, pontos que não tínhamos muito conhecimento”, aponta.
Já em Piacaguera, mora Artur José Mendes. Nascido e criado na comunidade, desde 2001, ele trabalha com a Cantina do Arthur, um espaço onde atende ao público de toda a região com porções e, quando existe agendamento, também prepara refeições completas. Com 58 anos, o empreendedor divide a sua rotina entre o restaurante e a pesca, voltada para a subsistência de sua família e como matéria-prima em seu negócio.
“Começamos com um espaço pequeno, com dois metros quadrados. E o aumento dos turistas nos incentivou e permitiu a ampliação e criação de um galpão maior e que pudesse ter esse mais conforto.
“Essa vinda dos viajantes é boa para todos, nos faz crescer. No verão, não consigo ir ao mar e compro peixes de pessoas aqui da comunidade e nossos familiares e moradores vêm nos ajudar com o atendimento. O restaurante, o turismo é a fonte de renda da minha família”, finaliza.
Desenvolvimento
Após as visitas, foram realizadas discussões entre o grupo participante para entender formas de apoio as atividades realizadas nessas comunidades. Participaram da ação empreendedores, lideranças e equipes da Secretaria de Estado do Turismo do Paraná, Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Paranaguá, Agência de Desenvolvimento Cultural e do Turismo Sustentável do Litoral do Paraná (Adetur Litoral), a Universidade Federal do Paraná (UFPR), Portos do Paraná, Viagem Paraná, Cia Ambiental, Coalizão pelo Impacto e Acquaplan Tecnologia e Consultoria Ambiental.
Além das localidades de Ponta de Ubá, Ilha do Amparo e Piaçaguera, onde aconteceram as mais recentes visitas técnicas, também fazem parte do projeto as comunidades de Eufrasina, São Miguel e Ilha dos Valadares. O Projeto Turismo Caiçara faz parte do Programa de Educação Ambiental às Comunidades da TCP, que atende à condicionante da Licença de Operação Nº 1356/2016 – 1ªRet. 1ªRenovação do Ibama.