Quatro estudantes do curso técnico em eletrônica do Instituto Federal do Paraná (IFPR) Câmpus Arapongas foram as vencedoras da etapa estadual do Desafio Liga Jovem, na categoria Ensino Médio. Elas inscreveram o projeto do brinquedo inclusivo “Itoy: Movimente seus músculos e treine sua mente com diversão”, desenvolvido para atender pessoas, de todas as faixas etárias, que possuem dificuldades na motricidade fina, como aquelas diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), ou que sofrem de algum tipo de limitação para realizar movimentos precisos e controlados.
Criada pelas jovens Isadora Pinheiro Cristino, Maria Clara Sandoval Pessoa, Juliana Orlandini Fernandez, Izabella Fiori dos Santos, todas de 18 anos, com a supervisão da professora e orientadora do projeto, Grazielli Bueno, a brincadeira consiste em percorrer um circuito com o auxílio de uma lupa. O desafio é não encostar o objeto no arame durante todo o trajeto. Caso isso ocorra, o brinquedo pode emitir som ou luz. No caso de pessoas com maior sensibilidade, é possível desligar os alertas. O objetivo é estimular a independência, o raciocínio lógico e a interação.
A aluna Isadora Pinheiro Cristino diz que o projeto foi iniciado em 2023 para atender um grupo de pessoas que elas consideram “esquecidas” pela sociedade. A autonomia, ela argumenta, é importante para a qualidade de vida e o desenvolvimento integral, cognitivo e sensorial. Para desenvolver o protótipo, o grupo conversou com pais e especialistas, visitou instituições como as APAEs, para conhecer de perto as dificuldades do público-alvo. O brinquedo se encaixa em três Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), que são Saúde e Bem-Estar, Educação de Qualidade, e Redução de Desigualdade.
“Fizemos várias pesquisas e chegamos à conclusão que brincar é fundamental. Durante a brincadeira, as pessoas criam, inovam e conseguem aprender de forma lúdica e divertida. Juntamos diversão e tratamento para ser algo mais leve”, explica Isadora.
Inicialmente, a ideia era apenas fazer doações do brinquedo para as APAEs de Assis Chateaubriand e de Cambé, e o Centro Municipal de Crianças com TEA de Assis Chateaubriand, onde serão entregues os protótipos para serem validados. Mas, a participação no Desafio Liga Jovem despertou nas jovens a possibilidade de empreender e, depois de validar o produto, elas irão colocá-lo no mercado.
“Ter ganhado a etapa estadual foi muito emocionante, ficamos muito felizes em receber o prêmio”, declara a jovem.
A professora e idealizadora do projeto, Grazielli Bueno, explica que o brinquedo poderá ser usado por psicólogos, psicopedagogas e professores. A brincadeira é individual e adaptável, com possibilidade de fazer paradas para descanso no meio do percurso sem precisar retomar o jogo do começo, e escolher circuitos mais simples ou mais complexos, por exemplo. Para ela, receber a premiação é gratificante, ainda mais tendo concorrido com tantas equipes. O projeto ficou entre as três melhores ideias do Sul do Brasil e tem ganhado espaço até no exterior.
“Fomos reconhecidos na Feira de Iniciação Científica de Pomerode com o segundo lugar na categoria Engenharia no Ensino Médio. Apresentamos o Itoy na Expo Milset Brasil, em Fortaleza e, de lá, fomos credenciados para a Milset América Latina, que ocorre no final de novembro, no Peru. E também estaremos na Semana de Iniciação Científica de Brasília. As meninas vão para a graduação com um currículo enorme”, comemora a professora.
A consultora do Sebrae/PR, Cinara Tozatti, conta que o prêmio do Desafio Liga Jovem contempla um vale-compras no valor de R$ 500, na forma de cartão, para cada membro do time. Além de Arapongas, a cidade de Assaí também representou o norte do Paraná na premiação, com vencedores nas categorias Educação Profissional, da equipe SmartCepp Assaí, com o projeto Plateau MK1, e no Ensino Fundamental, do time NEXTECH, com o projeto Ecoponto e Aplicativo Doeiganhei.
“A competição foi realizada entre equipes de estudantes de todo o Brasil, que tinham como desafio resolver um problema das suas escolas ou comunidades usando a tecnologia. O objetivo principal é incentivar a inovação e fomentar o espírito empreendedor entre os jovens”, destaca a consultora.