Um grupo de estudantes da Universidade Estadual de Maringá (UEM), no noroeste do Paraná, decidiu enfrentar um desafio antigo: o alto custo e a inacessibilidade das próteses de membros superiores. Assim nasceu o Projeto Asther, uma iniciativa que une tecnologia, inclusão e propósito social. A proposta foi classificada na categoria Ensino Superior do Desafio Liga Jovem, promovido pelo Sebrae, e selecionada para representar o Estado na final nacional, marcada para ocorrer no Pará, entre os dias 29 de novembro e 4 de dezembro.
O projeto foi idealizado por uma equipe multidisciplinar composta por 5 estudantes das áreas de engenharia, direito, design e saúde, ligada à Enactus UEM, uma organização estudantil dedicada a desenvolver projetos de empreendedorismo social, conectando teoria, inovação e impacto real na comunidade.

A estudante do 4º período do curso de Direito, Giovana Godoy da Costa, de 21 anos, explica que a ideia surgiu da constatação de uma necessidade real. “Percebemos o quanto próteses de membros superiores são caras e inacessíveis para muitas pessoas com deficiência. Isso nos motivou a buscar alternativas que unissem tecnologia e inclusão”, afirma.
O Asther tem como objetivo desenvolver próteses mioelétricas acessíveis, produzidas por impressoras 3D, o que reduz significativamente os custos e permite personalização conforme as necessidades do usuário. A proposta busca democratizar o acesso à reabilitação e ampliar a autonomia de pessoas com deficiência.

Para Giovana, chegar à final nacional é motivo de orgulho e de responsabilidade. “Representar o Paraná e levar o nome da Universidade Estadual de Maringá é muito emocionante. Essa conquista mostra que estamos no caminho certo e reforça nossa crença no poder transformador da inovação social”, conclui a estudante.
Autonomia, recuperação e renascimento
O nome do projeto foi inspirado na estrela-do-mar, um animal conhecido pela capacidade de regeneração e que simboliza “autonomia, recuperação e renascimento”. A professora e orientadora do projeto, Leila Pessôa Da Costa, explica que a iniciativa está alinhada aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), especialmente ao ODS 10 – Redução das Desigualdades. Ela reforça o compromisso da universidade com a inclusão e com a sustentabilidade.

“O projeto nasce do diálogo com a comunidade e de parcerias com instituições, como o Rotary Club e o Projeto Dar a Mão, que colaboram na testagem e na distribuição gratuita das próteses. Representar o estado em nível nacional é um reconhecimento da força criativa e empreendedora da juventude paranaense. Mostra que nossas instituições públicas formam estudantes comprometidos com a transformação social e que a inovação com propósito é possível e necessária”, ressalta a professora Leila.
Desafio mobiliza mais de 4 mil jovens no Paraná
O Desafio Liga Jovem, promovido pelo Sebrae, é a maior competição de empreendedorismo e tecnologia voltada a estudantes do Brasil e chegou à sua 3ª edição com 62.282 estudantes de todo o país e 4.416 inscritos no Paraná, sendo 3.980 estudantes e 436 orientadores, distribuídos em 144 municípios e 284 instituições.
Leila enfatiza que a competição rompe com a lógica tradicional de ensino e instiga os jovens a identificar problemas reais, pesquisar, criar soluções e validar suas ideias. “Essa metodologia prática e inspiradora estimula o protagonismo, a empatia e a visão empreendedora, desenvolvendo competências essenciais para o século 21, como colaboração, pensamento crítico, responsabilidade e compromisso social”, finaliza a orientadora.
A coordenadora de Cultura Empreendedora do Sebrae/PR, Elisangela Rosa, explica que a iniciativa está entre as mais abrangentes do país no incentivo à formação empreendedora de jovens. Além disso, destaca a participação ativa dos professores como fator essencial no processo, pois são eles que orientam, inspiram e ajudam a transformar ideias em projetos com impacto real.
“O Desafio Liga Jovem desperta o protagonismo juvenil e forma uma nova geração de empreendedores conscientes. A metodologia coloca os estudantes como agentes de mudança, incentivando-os a transformar problemas reais em soluções criativas com impacto social”, destaca Elisangela.
O Paraná concorrerá em diferentes categorias. Os resultados da etapa estadual no Ensino Médio e no Fundamental serão divulgados nos dias 22 de outubro e 4 de novembro, respectivamente. As selecionadas representarão o Estado, junto com o Projeto Asther, na final da competição, que será realizada no início de dezembro, no Pará. As equipes vencedoras terão direito a uma viagem internacional em 2026 para um polo de inovação, além de prêmios como notebooks, celulares e vales-compra.