
Aproximadamente 19 mil empresas de Londrina, cerca de 20% do total das empresas ativas na cidade, são relacionadas à Economia Criativa – produtos ou serviços desenvolvidos a partir do conhecimento e capital intelectual de seus profissionais. O levantamento é do Sebrae/PR e foi divulgado na 4ª edição do Seminário de Economia Criativa, realizado na sede da regional Norte, em Londrina, na última quinta-feira (26).
O consultor do Sebrae/PR, Everton Perussi, explica que para o levantamento foram considerados os CNAEs (Classificação Nacional de Atividades Econômicas) das empresas ativas e a relação com setores ligados à economia criativa: arquitetura, artesanato e arte popular, design, mídia e comunicação, produção de audiovisual, jogos digitais, moda e música.
Ele reforça que as discussões e eventos da área são importantes para que os profissionais dos setores que compõem a Economia Criativa se reconheçam e se apoiem. “Quando as pessoas têm esse senso de pertencimento, começam a institucionalizar a discussão, o apoio e a política em comum. Assim, fica muito mais fácil captar recursos, atrair investimentos e promover ainda mais o trabalho já realizado”, lembra o consultor.

Vocação audiovisual
Um dos setores de destaque neste sentido é o do audiovisual. Com mais de 2 mil profissionais diretos entre atores, produtores, técnicos de som e imagem, coloristas e editores, 79 produtoras cadastradas na Agência Nacional de Cinema (Ancine) e R$ 24 milhões de recursos recebidos através de editais somente no último ano, Londrina é reconhecidamente uma cidade com vocação audiovisual. No entanto, de acordo com a Prefeitura, ainda não há dados sobre a participação do setor no PIB local.
O cineasta Guilherme Peraro, sócio-fundador da produtora Kinopus, lembra que a característica colaborativa e transversal da Economia Criativa é a base da indústria audiovisual.

“Há cerca de 20 anos, o nosso setor funciona neste modelo de fortalecimento com base na colaboração em Londrina. Foi nesta época que nos entendemos como film commission e, desde então, nos organizamos muito. Em 2017 criamos a governança de audiovisual, o Lavi, que é uma iniciativa que muitas cidades não possuem. Então, isso demonstra a força, a organização e a relevância do setor audiovisual”, aponta Guilherme.
Com o objetivo de facilitar a produção audiovisual em uma determinada região, as film commissions são diferenciais para os locais onde atuam, pois atrelada à produção de audiovisual realiza um fortalecimento da economia local.
“Durante uma produção publicitária, gravação de uma série, curta ou longa metragem, existe uma demanda, também, por hospedagem, alimentação, locação de imóveis, produção de moda e muitos outros produtos e serviços. Isso é algo intrínseco, organizado graças à troca e ao apoio que profissionais de áreas diferentes têm e que são oferecidas por uma film commission”, reforça Peraro.

Impacto na economia local
O presidente da Governança de Turismo de Londrina, Fábio Luporini, concorda.
“A gente tem a falsa ideia de Londrina não é uma cidade turística, mas a cidade atrai muitas pessoas ao longo de todo ano dentro de várias vertentes do turismo. Uma delas é essa questão de receber profissionais que vêm para a cidade para produções audiovisuais que são realizadas aqui. Também temos o turismo religioso, esportivo, de negócios, eventos e até mesmo de saúde, já que a cidade é um polo médico importante para o Norte do estado, mas com influência em parte dos estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul”, pondera Luporini.
Luporini lembra que, independentemente do motivo que atrai o turista para Londrina, esse visitante é diretamente impactado pela Economia Criativa da cidade. “Essa pessoa vai consumir no setor gastronômico. O evento ou o espaço que ela visitar terá algum produto audiovisual, de design, moda ou artesanato local. Então, não tem como dissociar esses setores ou o impacto econômico que tudo isso gera para a cidade.”
Para o secretário Municipal de Cultura de Londrina, Marcos Castri, reconhecer a Economia Criativa como um dos pilares econômicos locais é fundamental. “Londrina é chamada de a cidade dos festivais, da inovação, do cinema, da comunicação e da sustentabilidade. Isso tudo está ligado à vocação humana e criativa do Município. Isso é a nossa base”, analisa Castri.
Cidades Criativas da Unesco
No início deste ano, Londrina participou da etapa nacional dos municípios que concorreram à nomeação na Rede de Cidades Criativas da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco). A seleção nacional foi coordenada pela Comissão Nacional do Brasil para a Unesco, vinculada ao Ministério das Relações Exteriores (MRE), em parceria com os ministérios da Cultura (MinC) e do Turismo (MTur).
A lista da Unesco é atualizada a cada dois anos e cada país pode indicar, no máximo, duas cidades para a etapa internacional. São Paulo e Manaus foram as escolhidas para representar o Brasil na edição de 2025.
No total, são 350 cidades de mais de 90 países que recebem o reconhecimento em oito campos criativos: gastronomia, design, artesanato e artes populares, música, cinema, artes midiáticas, literatura e arquitetura.
Durante a 4ª edição do Seminário de Economia Criativa, foi anunciado que as governanças que compõem os setores da Economia Criativa de Londrina, em parceria com os órgãos públicos, devem trabalhar para concorrer, novamente, à nomeação da Unesco em 2027.