ASN PR Atualização
Compartilhe

Expedição ao litoral paranaense apresenta Indicações Geográficas e fortalece turismo de experiência

Roteiro evidenciou a força cultural e econômica de produtos tradicionais e reconhecidos
Por Jorge Camargo
ASN PR Atualização
Compartilhe

Jornalistas e produtores rurais de todo o Paraná, convidados para o Fórum Origens Paraná, participaram no último sábado (27) de uma missão técnica no litoral do Estado. A iniciativa, organizada pelo Sebrae/PR e o Festival Tutano Gastronomia, aproximou os participantes do universo das Indicações Geográficas (IG) e contribuiu para o fortalecimento do turismo de experiência e da valorização do território paranaense. A caravana com 14 pessoas saiu do Museu Oscar Niemeyer (MON) com destino ao Litoral do Paraná, cidade de Morretes.

Iniciativa aproximou os participantes do universo das Indicações Geográficas (IG). Fotos: Jorge Camargo.

A região conta com IG para o barreado do Litoral do Paraná; bala de banana de Antonina e cachaça e aguardente de Morretes e que foram degustadas pelo grupo. Segundo a consultora do Sebrae/PR, Maria Isabel Rosa Guimarães, o propósito da missão foi levar ao campo a discussão sobre as IG, que contou com início dos trabalhos na sexta-feira, em Curitiba, na abertura do Fórum Origens.

“Os participantes puderam vivenciar o que significa uma IG. Esse contato aproxima empreendedores, produtores e especialistas, gera conexões, amplia a valorização do território, fortalece a economia local e promove o turismo de experiência”, explicou.

A pesquisadora e professora de gastronomia do campus de Foz do Iguaçu do Instituto Federal do Paraná (IFPR), Paola Stefanutti, destacou a importância do Sebrae/PR como referência nacional na gestão das IGs e enfatizou que o trabalho realizado com os produtores é brilhante.

“Levo essas experiências para dentro da sala de aula, para que alunos, futuros chefs, donos de restaurantes e gestores de hotéis, conheçam os produtos e possam inseri-los em seus cardápios. Essa expedição mostra o potencial do turismo de experiência focado em produtos do território, o que é um grande incentivo para os produtores e para o futuro do setor”, afirmou Paola.

Primeira parada: cachaça de Morretes e barreado do Litoral do Paraná

A primeira parada do grupo foi na Casa Poletto, onde os visitantes conheceram o processo de produção da cachaça artesanal e degustaram rótulos com o selo de IG. Segundo o proprietário, Sadi Poletto, abrir as portas da fábrica é uma forma de mostrar a essência do trabalho artesanal.

Os convidados visitaram a Casa Poletto, conheceram o processo de produção da cachaça artesanal e degustaram rótulos com o selo de IG.

“Esse é o verdadeiro caminho: trazer o público até a nossa casa, mostrar quem somos e o valor do nosso produto. Diferente das grandes marcas, nós precisamos contar a nossa história, explicar por que o preço e a qualidade são diferentes. É essa vivência que fideliza o consumidor e garante que novas gerações permaneçam no campo e fortaleçam a nossa cultura”, destacou Poletto.

Na sequência, os participantes saborearam o barreado, prato típico do litoral paranaense, que além da IG é reconhecido como patrimônio cultural e gastronômico. O almoço foi apontado como um dos pontos altos da missão.

“Foi muito enriquecedor participar dessa imersão. Comer o barreado, com todos os elementos tradicionais, é uma experiência que vai além do prato: é cultura, é história. Para nós, jornalistas, é também uma oportunidade de levar esse patrimônio para um público mais amplo”, afirmou a jornalista Juliana Simon Venâncio, de São Paulo.

Para Rodrigo Sadao Inumaro, produtor de uvas de Marialva e colaborador da Cooperativa Marialvense dos Fruticultores (Comafrut), a experiência também foi inspiradora.

“É a primeira vez que participo do Fórum Origens e fiquei impressionado com a importância da Indicação Geográfica. A missão técnica mostrou de perto a relevância desse reconhecimento para o território e para os produtores. Volto para casa inspirado e com ideias para aplicar na cooperativa, valorizando ainda mais o que produzimos”, contou.

O doce patrimônio de Antonina

No período da tarde, a caravana seguiu até Antonina para visitar duas fábricas de balas de banana, produto que conquistou a Indicação Geográfica em 2020 e se consolidou como patrimônio imaterial do Paraná. Nas visitas, os participantes acompanharam de perto o processo semiartesanal que combina tradição, memória familiar e inovação.

À tarde, o grupo visitou a fábrica da Bananina, empresa com mais de 50 anos de história.

Bárbara Mendes Krenk, proprietária da Bananina, empresa com mais de 50 anos de história, destacou que a IG fortaleceu o vínculo da bala de banana com o turismo local.

“Nossa trajetória começou com conservas de palmito Jussara, mas foi a bala de banana que deu identidade ao negócio. A Indicação Geográfica reforçou essa identidade e trouxe mais visitantes até nós. Receber turistas na fábrica, contar nossa história e mostrar a produção é parte essencial do nosso trabalho. Além disso, na nossa loja, abrimos espaço para comercializar outros produtos de IG do Paraná, porque acreditamos que o fortalecimento do território deve ser coletivo”, afirmou Bárbara.

Na outra fábrica, a Bala de Banana de Antonina, os irmãos João Soter Corrêa Neto e Rafaela Takasaki Corrêa são a terceira geração no comando da empresa.

Em seguida, a excursão seguiu para a fábrica Bala de Banana de Antonina.

Eles guiaram os convidados por toda a fábrica, apresentaram o maquinário, o processo de produção e contaram curiosidades da marca. Além disso, destacaram como o processo de IG ajudou a reposicionar a marca e valorizar os pequenos produtores de banana que abastecem a indústria.

 João Soter Corrêa Neto, sócio-proprietário da Bala de Banana de Antonina.

“O processo de conquista da Indicação de Procedência levou quase dez anos, mas transformou a forma como mostramos nosso trabalho. Hoje conseguimos agregar valor, modernizar a marca e oferecer ao turista não só a bala, mas também produtos que carregam o espírito de Antonina. Mantemos a tradição artesanal, mas olhamos para o futuro, sempre com a meta de fortalecer a região e os produtores que nos abastecem”, disse João.

Histórias que fortalecem territórios

Para os convidados, a missão técnica foi uma oportunidade de compreender que produtos com IG representam muito mais do que sabor e tradição: são também peças fundamentais na construção da identidade regional.

A jornalista Luiza Vieira Fecarotta contou que mais do que ver o processo industrial, o que torna as visitas técnicas únicas é descobrir a história dos lugares e das famílias que mantêm as tradições através dos anos.

“Cada produto tem uma narrativa que vai muito além da embalagem. Estar em Morretes, provar o barreado, conhecer as fábricas, tudo isso faz parte de um resgate cultural e gastronômico que precisa ser compartilhado com o Brasil inteiro”, reforçou a jornalista.

Fórum Origens Paraná

No encerramento da missão técnica, os convidados retornaram a Curitiba e participaram do Festival Tutano, realizado no Museu Oscar Niemeyer (MON). O encontro foi realizado durante o fim de semana, por meio de uma parceria que envolve o Governo do Estado, IDR-PR, UFPR, PUCPR, Senac, MAPA, INPI e o Sebrae/PR como promotor.

Ao longo do festival, o público teve a oportunidade de conhecer de perto 19 das 21 Indicações Geográficas do Paraná. Entre elas, estão produtos emblemáticos como: bala de banana de Antonina; cachaça e aguardente de Morretes; broas de centeio de Curitiba; café de Mandaguari; cafés especiais do Norte Pioneiro; camomila de Mandirituba; carne de onça de Curitiba; cracóvia de Prudentópolis; erva-mate de São Matheus; goiaba de Carlópolis; mel de Ortigueira; mel do Oeste do Paraná; morango do Norte Pioneiro; ponkan de Cerro Azul; queijo colonial do Sudoeste do Paraná; queijos coloniais de Witmarsum; uvas finas de Marialva; os vinhos de Bituruna; além do mel de melato da bracatinga do Planalto Sul do Brasil, Indicação Geográfica concedida a Santa Catarina que envolve municípios do Paraná e do Rio Grande do Sul.

A abertura oficial do Fórum, realizada na sexta-feira (26), foi marcada por uma homenagem às IG: cada uma recebeu uma placa de cerâmica da marca Origens Paraná, com o selo de Indicação de Procedência (IP) ou Denominação de Origem (DO) nacional. As peças foram produzidas pela artesã Vanessa Nakano, da Vsnak Cerâmica Artesanal.

O evento também promoveu rodadas de negócios e painéis temáticos que aproximaram sustentabilidade, mercado e inovação, reforçando o papel das Indicações Geográficas como ferramentas de valorização cultural e desenvolvimento econômico.

  • antonina
  • Bala de Banana de Antonina
  • barreado
  • Casa Poletto
  • Festival Tutano Gastronomia
  • Fórum Origens Paraná
  • IG
  • Indicação Geogáfica
  • Litoral do Paraná
  • missão técnica
  • Morretes