Agência Sebrae de Notícias

As instituições que integram o Sistema S no Paraná realizaram, nesta quinta-feira (2), a terceira edição do Compliance Day. O evento destaca a importância da integridade e da ética na condução dos negócios e das relações de trabalho dessas organizações. Neste ano, o tema tratado foi “Conflito de interesses, o que é e como pode ser evitado”, com uma palestra do advogado Bernardo Strobel Guimarães. Realizado no Campus da Indústria do Sistema Fiep, em Curitiba, o Compliance Day foi transmitido on-line para todos os colaboradores das entidades envolvidas.

O Grupo de Trabalho de Compliance do Sistema S do Paraná é composto por membros dos Sistemas Fecomércio (Sesc, Senac e IFPD), Fiep (Sesi, Senai), Faep (Senar), Ocepar (Sescoop), Fetranspar (Sest e Senat) e Sebrae. Essas instituições também mantêm grupos permanentes que trocam experiências referentes a outras áreas que são comuns à atuação de todas elas, buscando soluções conjuntas e a disseminação de boas práticas.

O presidente do Sistema Fiep, Carlos Valter Martins Pedro, destacou na abertura do evento a importância da união das instituições. “Quero fazer uma referência especial a essa integração que nós temos no Sistema S aqui no Paraná, que não é tão comum em outros estados”, disse. Para ele, colocar em pauta o compliance, proporcionando conhecimento aos colaboradores, é fundamental para disseminar a cultura da integridade nas entidades. “Todos nós temos as nossas obrigações, com um número imenso de atividades que prestamos, na absoluta normatização e respeito à legalidade, que nós enquanto presidentes devemos incentivar e cobrar. Não tem nada mais pertinente do que estarmos todos aqui para refletir sobre o cumprimento de normas e situações de conflito de interesse dentro de nossas entidades”, completou.

A relevância do trabalho integrado, especialmente em relação a programas de compliance e integridade, foi reforçada pelos presidentes e representantes das demais entidades que participaram da abertura do evento. “O ESG hoje é uma exigência da sociedade mundial. Ou nós nos enquadramos, ou vamos perder mercado”, afirmou o presidente do Sistema Faep, Ágide Meneguette, referindo-se à sigla em inglês que define boas práticas nas áreas ambiental, social e de governança. “E isso não é um bicho papão, é fazer as coisas normal, corretas, respeitando as leis e as normas”, acrescentou.

O presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae/PR, Ercílio Santinoni, ressaltou que o compliance é uma “necessidade imperiosa” na atuação das instituições. “Conhecer as normas da organização, seguir os procedimentos recomendados, agir em conformidade e sentir o quanto é fundamental a ética e a idoneidade em todas as nossas atitudes é uma marca reconhecida nas instituições que representamos em todo o Sistema S do Paraná”, disse.

Também participaram da abertura do 3º Compliance Day os presidentes dos Sistemas Fetranspar, coronel Sérgio Malucelli, e Ocepar, José Roberto Ricken, além do diretor regional do Sesc Paraná, Emerson Sextos, que representou o presidente do Sistema Fecomércio e vice-governador do Estado, Darci Piana.

Conflito de interesses

O tema principal da edição deste ano foi abordado pelo advogado Bernardo Strobel Guimarães. Ele é mestre e doutor em Direito do Estado pela USP, professor de Direito Administrativo na PUCPR e professor temporário de Direito Econômico na UFPR.

Em sua opinião, o conflito de interesses é o tema mais central das questões de governança e compliance. “Nenhuma instituição é uma criatura de papel, todas elas agem por meio de pessoas. E isso implica que, a cada decisão que seja tomada, um elemento humano foi colocado nessa situação e, portanto, ali haverá um indivíduo único, irrepetível. Cada um tem um conjunto de crenças, cada um vê a vida de determinada maneira e, por conta disso, pode perfeitamente haver desalinhos entre aquilo que é o desejado para a estrutura e os valores das pessoas”, explicou. “É aí que se fala em conflito de interesses, porque há nitidamente um ponto de desalinho. E desalinhos de visão podem ser extremamente graves, danosos e comprometedores da estrutura”.

Segundo o advogado, um dos grandes desafios das organizações é transformar os debates sobre conflitos de interesse em práticas concretas nas organizações. “Todas as instituições têm culturas, que são difíceis de serem mudadas. Então, enquanto se acha que esse é um tema da diretoria, do comitê, e que não é um tema do seu dia a dia, ele não se torna vivificado na sua prática”, disse. “E aqui começa um problema bastante grave do conflito de interesse, porque ele é sutil, não é manifesto, e todos nós temos razões ótimas para comprarmos as nossas próprias consciências para atenuar as nossas responsabilidades”, acrescentou.

Na opinião de Guimarães, as instituições do Sistema S, por suas características próprias e pelas entregas que fazem aos setores representados e à comunidade, devem olhar com atenção as questões de conflitos de interesse. “O grande ativo (do Sistema S) é o que se devolve à sociedade. O que traz o conflito à sua acepção mais relevante, que é proteger esse acervo moral que reside aqui”, afirmou.

Encerrando o 3º Compliance Day, a superintendente do Sesi e do IEL no Paraná e diretora regional do Senai, Fabiane Franciscone, reforçou que, assim como para todas as empresas, o conflito de interesses é uma preocupação para as instituições ligadas ao setor produtivo. “Nós, do Sistema S, até pela nossa natureza, temos um grande desafio. São nossas ações do dia a dia com integridade e transparência que vão dar longevidade às nossas casas e ao impacto que precisamos dar a todos os setores da sociedade”, declarou.

A palestra na íntegra, além da fala dos representantes das instituições, pode ser assistida no Canal da Indústria do Sistema Fiep no Youtube.

Com Agência FIEP.