No sudoeste do Paraná, o município de Capanema, conhecido nacionalmente como a Terra do Melado, produz 400 toneladas do produto anualmente, de forma artesanal, por meio de agroindústrias familiares. A combinação de diversos elementos resulta em produtos exclusivos, reconhecidos especialmente pelo sabor. Tamanha dedicação a atividade pelos produtores, resultou também na conquista do Selo da Indicação Geográfica (IG), que enaltece a qualidade genuína do melado e a sua origem.
E, um dos produtos feitos com esse melado, em Araucária, cerca de 600 km de Capanema, tem feito sucesso por ser uma novidade e pelo sabor: o gelato com o melado do sudoeste do Paraná.
A ideia de produzir um gelato a partir do melado surgiu de uma Missão Técnica realizada pelo Sebrae/PR para a cidade de Capanema. Durante a viagem, a empreendedora Elizete Knapik, da Di Piallato Sorveteria, localizada em Araucária, na região metropolitana de Curitiba, no Paraná, conheceu o produto.
“Conversando com a Mariela, da agroindústria Haas, nós contamos que fazíamos gelatos diferentes, como o de cerveja e lavanda. Foi aí que surgiu a curiosidade em produzir um gelato com o melado. Mais tarde ela nos enviou, pelos correios, o melado batido e o escorrido. A receita deu certo e hoje o produto é uma grande sensação aqui”, conta Elizete.
A empresa oferta experiências sensoriais para os consumidores. De acordo com Elizete, o sorvete feito partir do melado tem um sabor especial.
“A produção é toda artesanal, o gelato é servido a uma temperatura de 13 graus negativos. Ele é feito de duas formas, com o melado escorrido e um toque de limão ou com o sorvete de nata e o melado escorrido nele. Tem muitas famílias de outras cidades que, quando ficam sabendo da novidade, vêm para Araucária só para experimentar”, conta a empresária.
Além de ser consumido in natura, o melado é usado como adoçante natural em receitas, cobertura para sobremesas e ingrediente em produtos de confeitaria e panificação. Mariela Haas, da Agroindústria Haas, conta que a parceria com a sorveteria aconteceu naturalmente.
“Durante a Missão Técnica, na oportunidade, buscando agregar ainda mais valor ao nosso produto, perguntei a eles sobre a possibilidade de desenvolver um sorvete com o melado. A ideia foi aceita e hoje entregamos em torno de cinco quilos todos os meses para a Elizete. O sabor do sorvete ficou maravilhoso”, comemora Mariela.
Ela recorda que o produto é a principal renda da família há 10 anos. Segundo a empresária, as vendas aumentaram muito depois da conquista do selo da Indicação Geográfica (IG). Atualmente, o negócio é responsável pela comercialização mensal de mais de 5 mil quilos do produto.
“As vendas aumentaram depois do reconhecimento que a Indicação Geográfica nos trouxe. Atualmente, além das regiões oeste e sudoeste do Paraná, vendemos também para os estados do Mato Grosso, Goiás, Rondônia e Santa Catarina”, conta a empreendedora.
Conquista da IG
Com o passar dos anos e a profissionalização cada vez mais frequente da atividade, o melado conquistou a IG. Concedida aos produtores por meio da Associação Doce Iguassu, a certificação agregou ainda mais valor ao produto, que já é revendido em outras regiões do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo, Mato Grosso do Sul e Rondônia.
Consultora do Sebrae/PR, Alyne Chicocki, pontua que a IG permitiu aos produtores da região reposicionar o melado e agregar valor.
“Esse reconhecimento trouxe ainda mais notoriedade para o melado de Capanema, uma vez a IG na modalidade de Indicação de Procedência certifica o município como um centro de produção de melado, valorizando o que é feito lá através dos agricultores e também em razão do terroir local, que garante um sabor e textura únicos ao produto”, conclui Alyne.
Feira do Empreendedor 2024
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