Herança dos imigrantes europeus, a produção de queijo colonial no Sudoeste do Paraná é destaque pela qualidade nos processos produtivos e sabor único que são conferidos a ele. Feitos, muitas vezes, a partir de receitas dos antepassados e preservando aspectos culturais, estes queijos refletem uma tradição que tem passado de geração para geração, conquistando novos paladares, tornando-se referência e ocupando mais espaço nas mesas dos paranaenses.
De acordo com dados da Associação dos Produtores de Queijos Artesanais do Sudoeste do Paraná (Aprosud), por mês são comercializadas mais de 17 toneladas. O volume é um indicativo da qualidade do que a região produz.
“O queijo artesanal se tornou uma referência. As receitas, únicas, seguem características de produção que conferem aos queijos aspectos especiais de sabor e textura. Tudo isso faz com que o que é produzido aqui seja reconhecido pela sua qualidade também em outras regiões do nosso Paraná”, aponta o presidente da Aprosud, Claudemir Roos.
No município de Toledo, no oeste do Estado, o comerciante João Luiz Marcondes Machado, conta que há um ano o queijo do Sudoeste integra o mix de produtos da sua loja.
“É uma qualidade superior do que vemos em outros lugares, um produto especial mesmo. Não tem o que colocar defeito. Os clientes que entram em nosso estabelecimento e provam, compram. Os que compram, sempre voltam para buscar mais”, enfatiza o empreendedor.
Segundo João, o que mais chama a atenção nos queijos é o padrão das peças.
“A gente pode experimentar vários e logo identifica que existe um padrão, um sabor característico do queijo. Isso é muito importante no queijo colonial, os clientes valorizam esse aspecto. Aqui, o queijo colonial do Sudoeste faz tanto sucesso que eu compro em torno de 120 a 150 peças todos os meses”, revela o comerciante.
Em Cascavel, a empreendedora Juliana Paiol, confirma que o queijo do Sudoeste faz parte do dia a dia dos seus clientes.
“Já são cinco anos comprando o queijo produzido no sudoeste do Paraná. Aqui, o nosso carro-chefe é o queijo colonial São Bento, muito amanteigado e que agrada todos os paladares. Conheci a queijaria e sei da excelência com que são produzidos. Os queijos são um sucesso de vendas e a procura é constante”, destaca Juliana.
No Noroeste, na cidade de Maringá, o queijista Tiago de Souza Vieira, lembra que foi a partir de 2020 que ele teve contato com o queijo colonial produzido na região sudoeste do Paraná.
“Eu sempre trouxe queijos de outras regiões, como da Serra da Canastra e da Mantiqueira. Comecei a pesquisa sobre os queijos paranaenses, vi que alguns tinham conquistado prêmios e fiz contato com produtores no Sudoeste. Desde então, eu trago o queijo colonial para cá. É um queijo suave para ser degustado e os clientes adoram. Tudo que eu compro dos produtores é vendido em menos de um mês”, pontua Tiago.
Indicação Geográfica
Em 2023, o Queijo do Sudoeste teve pedido de reconhecimento para Indicação Geográfica (IG) protocolado no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). Com condições específicas de produção artesanal e características únicas, a expectativa é que a requisição seja analisada em breve e o Paraná ganhe mais um produto com a chancela de Indicação de Procedência (IP), que reconhece a região como centro de referência queijeira.
Para a consultora do Sebrae/PR, Alyne Chicocki, o reconhecimento trará ainda mais destaque para o produto e para a região Sudoeste, agregando valor, refletindo em vendas e mais renda para os produtores.
“O queijo colonial do Sudoeste traz toda uma história da cultura italiana, que vem desde a colonização e faz parte da identidade de diversas famílias. Levar ao consumidor um produto com registro de Indicação e Procedência e que segue padrões que garantem a sua qualidade, colocará o Paraná no mapa dos estados que são destaque na produção queijeira, tendo reflexos importantes para a cadeia produtiva e tornando o produto que é feito aqui, ainda mais conhecido e reconhecido nacionalmente”, avalia Alyne.
Rota do Queijo
Desde 2021, a Rota do Queijo paranaense vem ajudando a fomentar o turismo rural. Atualmente, 51% das propriedades que fazem parte do roteiro são sudoestinas. Atualmente, o Sudoeste conta com aproximadamente 60 queijarias formais e cem iniciativas com potencial de produtividade.
Recentemente, na Assembleia Legislativa do Paraná, foi protocolado projeto de lei que visa declarar o queijo colonial do Sudoeste como Patrimônio Cultural Estadual.