Três projetos educacionais do Paraná estão na final nacional da 3ª edição do Desafio Liga Jovem (DLJ), competição estudantil de empreendedorismo de impacto promovida pelo Sebrae em todo o Brasil. Na categoria Ensino Fundamental, a finalista é a equipe Aqua’s Place, com projeto de mesmo nome, da cidade de Pinhão. Já na categoria Ensino Médio, foi classificada a equipe Genius com o projeto “Marley: Adsorção Sustentável”, de Londrina.
Em outubro, também foi classificado para a final o Projeto Asther, desenvolvido por estudantes da Universidade Estadual de Maringá (UEM). Os trabalhos vão representar o Estado na etapa nacional, que acontecerá no Pará, entre os dias 29 de novembro e 4 de dezembro.

A coordenadora de Cultura Empreendedora do Sebrae/PR, Elisangela Rosa, destaca que a premiação desperta nos jovens a sensação de protagonismo na resolução de problemas reais, conectando teoria e prática.
“O Desafio tem como objetivo promover o desenvolvimento de competências nos estudantes, como criatividade, colaboração, pensamento crítico e tecnologia, áreas valorizadas no mercado de trabalho. Queremos que se sintam motivados a explorar seus talentos e vislumbrar novas possibilidades de carreira com mais confiança e propósito”, afirma.
No Paraná, foram 4.416 inscritos, sendo 3.980 estudantes e 436 orientadores, distribuídos em 144 municípios e 284 instituições. Em todo o Brasil, foram 62.276 estudantes inscritos, superando as 54.016 inscrições de 2024, o que representa crescimento de 15%.
Os três projetos selecionados representarão o Estado no Festival Led – Luz na Educação. A final do DLJ acontecerá em 3 de dezembro, em Belém (PA). As equipes vencedoras terão direito a uma viagem internacional, em 2026, para um polo de inovação, além de prêmios como notebooks, celulares e vales-compra.
Trata-se de uma experiência de até 10 dias, que envolve imersão em espaços de inovação, passeios turísticos e culturais, conferências e exposições, além de oportunidades de negócios.
Aqua’s Place: o patinho que previne afogamentos domésticos
Da tragédia, à busca por solução. As estudantes Beatriz Dourados de Sousa, de 13 anos, e Maria Clara Cardoso Storl, de 14, alunas do 8º ano, do Colégio Estadual do Campo Bento Munhoz da Rocha Netto, do município de Pinhão, no Paraná, desenvolveram o projeto Aqua’s Place, uma proposta criada no âmbito da robótica e voltada à prevenção de afogamentos.
A iniciativa foi selecionada para a etapa nacional do Desafio Liga Jovem, que reúne projetos de inovação de estudantes de todo o país.

Beatriz Dourados de Sousa, explica que procuraram o professor orientador João Manuel de Lima, na tentativa de encontrar uma alternativa para evitar afogamentos.
“Nosso amigo faleceu sozinho em um tanque, quando tinha 10 anos. Então tivemos a ideia de criar algo que fosse capaz de evitar esse tipo de situação”, explica a estudante Beatriz Dourados de Souza.
O processo de desenvolvimento envolveu a programação e montagem do projeto, mas também exigiu superação para que ele fosse concretizado. O produto lembra um brinquedo, em forma de pato, responsável por avisar caso alguém esteja se afogando e pode ser utilizado para o monitoramento de crianças pequenas, idosos e pets.
O protótipo teve custo aproximado de R$ 100 reais, financiado pelo Colégio.
“Nosso produto vai ficar sob água e vai detectar movimentos violentos, ao fazer essa detecção vai acionar as sirenes de alta potência de imediato, que ficam dentro do patinho. Dentro da casa também vai ter luzes e alertas para quando ele detectar. Caso, a família seja composta por pessoal com deficiência auditiva, o celular vai vibrar e mandar uma mensagem por WhatsApp”, explica a estudante.
A emoção ao ver o projeto entre os selecionados foi inesquecível para a equipe de Pinhão.
“Abrir aquele e-mail foi uma das coisas mais emocionantes da minha vida. Quando vi o resultado, senti uma explosão de sentimentos no peito e chorei de emoção. Fiquei muito feliz”, recorda Beatriz.
De Londrina, Marley: adsorção sustentável
Motivadas pela curiosidade, observação aguçada e criatividade, três estudantes do Colégio Estadual João Sampaio, de Londrina, desenvolveram um robô capaz de filtrar e promover o reuso da água em processos industriais. O protótipo utiliza o processo físico-químico da adsorção, que separa agentes poluentes da água por meio de um filtro poroso de carvão ativado de bambu desenvolvido pelas jovens
Com R$368, as estudantes do 1º ano do Ensino Médio Thainara da Silva Costa, Kamilla Vitória Domingues Simão e Isabelle Lima Dias desenvolveram um protótipo autônomo, movido a energia solar, para purificar a água de metais pesados e outros elementos contaminantes. Na prática, a água contaminada passa por um filtro especial de carvão ativado de bambu, que captura seletivamente os metais, e devolve a água limpa e pronta para o reuso industrial. Líder do grupo, Thainara conta que o protótipo foi construído ao longo de cinco meses sob a orientação do professor Giulio Ferreira.

“Nossos testes em laboratório comprovaram, por meio de um condutivímetro, que nos primeiros 40 minutos todos os metais são removidos. A tecnologia tem uma capacidade de remoção de 678,5 miligramas de metal por cada grama de carvão”, afirma Thainara.
Em escala industrial, o filtro tem potencial para processar 4,2 L de água limpa por hora. Segundo Thainara, se adotado pelas indústrias, o projeto Marley pode gerar economia de mais de R$ 4 mil por mês e contribuir para a preservação ambiental.
“A ideia é, também, criar uma nova fonte de receita através da economia circular a recuperação e venda do cobre. Usando um preço de mercado realista, a venda do metal recuperado pode gerar um lucro de mais de 110 reais por mês, por robô. Nós não apenas limpamos a água, geramos mais sustentabilidade e contribuímos para o meio ambiente”, explica Thainara.
Focadas em atingir indústrias de baterias e pilhas, cafeeiras, têxteis e lava rápidos, as estudantes acreditam que no futuro a solução pode, também, contribuir para descontaminação de lagos e rios das cidades.
Thainara, Kamila e Isabelle irão participar de forma presencial da etapa nacional do Desafio Liga Jovem que ocorre entre os dias 29 de novembro e 4 de dezembro, em Belém (PA).

Projeto Asther
Realizado por grupo de estudantes da Universidade Estadual de Maringá (UEM), no noroeste do Paraná, o Projeto Asther é uma iniciativa que une tecnologia, inclusão e propósito social.
O Asther tem como objetivo desenvolver próteses mioelétricas acessíveis, produzidas por impressoras 3D, o que reduz significativamente os custos e permite personalização conforme as necessidades do usuário. A proposta busca democratizar o acesso à reabilitação e ampliar a autonomia de pessoas com deficiência.
O projeto foi idealizado por uma equipe multidisciplinar composta por 5 estudantes das áreas de engenharia, direito, design e saúde, ligada à Enactus UEM, uma organização estudantil dedicada a desenvolver projetos de empreendedorismo social, conectando teoria, inovação e impacto real na comunidade. Confira mais informações na Agência Sebrae de Notícias.
